GUERRA NA UCRÂNIA

Incertezas sobre ajuda à Ucrânia encorajam Putin, alerta Zelensky

Nas últimas semanas, a Ucrânia foi alvo de intensos bombardeios russos, aos quais respondeu com ataques à cidade russa de Belgorod

Volodimir Zelensky, presidente ucraniano Volodimir Zelensky, presidente ucraniano  - Foto: Petras Malukas/AFP

As "dúvidas" dos aliados ocidentais sobre a ajuda a Kiev encorajam Vladimir Putin, que quer "ocupar" toda a Ucrânia, alertou nesta quarta-feira (10) o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, em uma visita surpresa à Lituânia.

"Temos que observar a retórica de [Vladimir] Putin. Ele não vai parar. Ele quer nos ocupar completamente", disse Zelensky em Vilnius, juntamente ao seu homólogo lituano, Gitanas Nauseda.

"Às vezes, as dúvidas dos parceiros em relação à ajuda financeira e militar à Ucrânia apenas aumentam a coragem e a força da Rússia", lamentou. Putin "não irá parar" se a Ucrânia e os seus aliados "não acabarem com ele", declarou.

Em caso de uma derrota ucraniana, os outros vizinhos da Rússia correm o risco de serem atacados, alertou Zelensky, ressaltando a preocupação com a Lituânia, Letônia, Estônia — "amigos de confiança" e "parceiros de princípios" — e a Moldávia.

A passagem por essas antigas repúblicas soviéticas, agora integradas à OTAN e à UE, é a primeira viagem oficial de Zelensky ao exterior em 2024.

Nas últimas semanas, a Ucrânia foi alvo de intensos bombardeios russos, aos quais respondeu com ataques à cidade russa de Belgorod, localizada perto da fronteira.

Os ucranianos "precisam de mais" 
Zelensky continua a pedir apoio militar aos seus aliados. No mês passado, reuniu-se com representantes dos Estados Unidos, da Alemanha e da Noruega para tratar do assunto.

Um programa de ajuda da UE de 50 bilhões de euros (US$ 54,75 bilhões, ou R$ 268,8 bilhões na cotação atual) está bloqueado em Bruxelas pelo veto da Hungria. Nos Estados Unidos, o envio de ajuda adicional a Kiev causa divisões no Congresso.

Ante a escalada de ataques contra a Ucrânia, o presidente lituano pediu na semana passada aos aliados ocidentais a entrega de sistemas de defesa aérea a Kiev.

"Os ucranianos fazem maravilhas com a defesa aérea fornecida pelo Ocidente, mas precisam de mais", escreveu ele na rede social X.

Nesta quarta-feira, em uma reunião do Conselho Otan-Ucrânia, realizada ao nível de embaixadores, os países da aliança militar "deixaram claro que seguirão fornecendo à Ucrânia significativa assistência militar, econômica e humanitária".

Segundo um breve comunicado divulgado no fim dessa reunião, "vários aliados descreveram planos de fornecer bilhões de euros em recursos adicionais em 2024", sem oferecer detalhes.

A Lituânia é o maior doador da Ucrânia em proporção à sua riqueza, com uma ajuda governamental de quase 1,4% de seu Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com o Kiel Institute.

Os outros dois países bálticos, Estônia e Letônia, aparecem na segunda e quinta posições, com ajudas equivalentes a 1,3% e 1,1% de seu PIB, respectivamente.

Mas a ajuda global prometida à Ucrânia entre agosto e outubro de 2023 caiu quase 90% em comparação com o mesmo período de 2022, atingindo seu nível mais baixo desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, segundo este instituto alemão.

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