Indígenas protestam contra a corrupção na Guatemala
As maias também expressaram seu descontentamento "pelos grandes obstáculos que estão pondo para a posse"
Dezenas de sacerdotes e líderes indígenas da Guatemala açoitaram simbolicamente o presidente Alejandro Giammattei e a procuradora-geral, Consuelo Porras, em protestos, nesta terça-feira (5), contra o governo, ao qual acusam de corrupção.
A aplicação simbólica do castigo corporal maia em praça pública acontece em meio às dificuldades pela perseguição da Procuradoria contra o partido Semente (Semilla) do presidente eleito, o social-democrata Bernardo Arévalo.
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A sentença de 13 a 25 açoites com arbustos de árvores em retratos de vários funcionários públicos ocorreu na calçada em frente ao Congresso e ao Palácio Nacional da Cultura, observaram jornalistas da AFP.
Embora essa sanção capital tenha sido aplicada simbolicamente em algumas fotos, nas aldeias indígenas da Guatemala é comum que os membros da comunidade castiguem aqueles que infringem certas normas, à margem do sistema de justiça do país.
“Pela primeira vez está sendo aplicado o castigo Xik'a'y contra as elites das máfias da corrupção, essas que estão roubando e sugando o sangue e a vida dos povos”, disse à AFP a sacerdotisa Alida Vicente.
“Estamos cansados de que a Justiça na Guatemala seja favorável ao que a lei diz, a Justiça está a serviço dos corruptos, das máfias, dos criminosos, das elites e não a serviço dos povos”, acrescentou, antes de golpear as imagens.
As maias também expressaram seu descontentamento “pelos grandes obstáculos que estão pondo para a posse” de Arévalo, disse à AFP o guia espiritual José Caniz.
Em um comunicado, os líderes indígenas acusaram Giammattei pelo "fracasso institucional que o país vive", pelas ações da Procuradoria contra o partido de Arévalo, e disseram que o presidente chefia o "governo mais corrupto da história guatemalteca".
As maias representam 42% dos 17,6 milhões de guatemaltecos. A prosperidade com açoites em quem comete crimes é frequente na Justiça maia, mas a proteção mais severa é o exílio da comunidade.