Infecção transmitida por moscas deixa dois mortos na Costa Rica
Quadro é causado pela infestação de larvas após inseto depositar seus ovos na ferida aberta ou nas mucosas do indivíduo; no Brasil, é conhecido como berne ou bicheira
O Ministério da Saúde da Costa Rica registrou ontem a segunda morte causada por miíase, quadro caracterizado pela infestação de larvas de moscas depositadas pelo inseto em feridas ou mucosas de animais de sangue quente.
A primeira vítima fatal foi registrada no último dia 19.
Além disso, o país registrou até agora 11 pessoas com a infecção. O primeiro óbito, disse a ministra da Saúde costarriquenha, Mary Angermüller, em comunicado, foi num indivíduo cujas larvas da mosca foram detectadas numa lesão oral. Não há mais informações sobre o segundo.
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A miíase é um quadro em que uma mosca comum, como as varejeiras, deposita os ovos numa ferida aberta de um animal de sangue quente, como um humano, ou nas suas membranas mucosas de orifícios do corpo, caso da boca.
Isso faz parte do ciclo de vida da mosca, já que em menos de 24 horas os ovos eclodem, e as larvas se alimentam do tecido ao redor. Em alguns casos, as larvas caem logo depois e se escondem no solo para dar origem a uma nova mosca.
Em outros, as larvas começam a penetrar na pele e continuam a se alimentar do tecido por mais dias antes de cair.
Popularmente, os casos são conhecidos como berne ou bicheira. Segundo informações da rede D’Or, o berne costuma ocorrer quando as larvas caem logo após os ovos eclodirem, e é mais brando.
O principal sinal é uma ferida aberta na pele, como um furúnculo, com pus e líquidos, por vezes com uma ou outra larva ainda sendo observada. Já no caso da bicheira, é mais grave: a ferida fica lotada de larvas, e pode haver o risco de hemorragias graves.
“As larvas que se alimentam da pele do hospedeiro e dos tecidos subjacentes causam uma condição conhecida como miiáse traumática, que pode ser fatal”, explica a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
Além disso, os casos de berne costumam ser provocados pela espécie de mosca Dermatobia hominis, enquanto os de bicheira são ocasionados pela Cochliomyia hominivorax, que é conhecida como “mosca da bicheira”. Foi ela a responsável pelos casos graves relatados na Costa Rica. Ambos os insetos também vivem, e causam doenças, no Brasil.
O Ministério da Saúde costarriquenho alertou que os sintomas da miiáse em humanos envolvem dor, coceira intensa, eritema cutâneo, nódulos cutâneos, ferida com exsudação e a presença de um caroço doloroso na pele. Ainda assim, casos em seres humanos não são muito comuns.
Geralmente, a infecção com as larvas afeta animais, especialmente bovinos. Segundo o Serviço Nacional de Saúde Animal da Costa Rica, o país chegou a ser declarado livre da doença, detectada pela primeira vez em 1858 na Guiana, em 2000 entre humanos, porém ela ressurgiu.
"Nossa recomendação é que você fique atento, pois se houver feridas ou úlceras expostas, elas podem ser um atrativo para a mosca que causa a miíase", alertou a ministra da Saúde costarriquenha. Além disso, orientou as seguintes medidas:
- Manter a higiene pessoal, lavar as mãos regularmente com água e sabão;
- Controle, tratamento e higiene das lesões cutâneas de acordo com a recomendação do médico responsável pelo tratamento;
- Comparecer à unidade de saúde quando houver sintomas associados à doença, tais como: dor localizada, coceira intensa, desconforto na área afetada, eritema cutâneo, nódulos cutâneos, ferida com exsudação, presença de um nódulo doloroso na pele com sensação de movimento, que pode ser um indicador inicial de infestação. Os ovos e/ou as larvas podem estar visíveis na ferida;
- Manter a vigilância e o controle no tratamento dos animais, com check-ups frequentes e cicatrização de todas as feridas, e informe às autoridades de saúde animal (SENASA) sobre a ocorrência de vermes em animais de produção ou domésticos.