Infectologista diz que a Covid-19 é uma guerra sem bombas
Demetrius Montenegro, do Oswaldo Cruz, alerta que muitos não estão acreditando na gravidade do momento
Chefe do Departamento de Infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), uma das referências de Pernambuco no enfrentamento à Covid-19, o médico Demetrius Montenegro é um dos milhares de profissionais atuando na linha de frente dessa guerra, como ele mesmo define o momento.
E, vivendo dentro desse cenário, ele sabe como ninguém a gravidade da situação vivida no Estado, que já tem fila de espera por leitos de UTI e faz previsões ainda mais duras para o mês de maio.
“É uma guerra silenciosa, ninguém escuta bomba estourando. Mas se prestar atenção no som das sirenes da ambulâncias, vai perceber um aumento. Moro em uma região da Cidade que é um corredor e a cada cinco minutos é um som de ambulância. Não vivi a primeira ou a segunda guerra, mas isso pra mim é como um bombardeio. Mesmo quando estou em casa, fora do ambiente de trabalho, da angústia de salvar pessoas, cada vez que escuto uma sirene dessa vejo que a gente está vivendo uma verdadeira guerra. Muitos não estão acreditando”, descreve Montenegro.
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O infectologista demonstra preocupação com o comportamento da população, que em muitos bairros do Recife e em outros municípios do Estado não tem prezado pela recomendação de isolamento e distanciamento social.
"É muito triste quando saímos do hospital, com o número de pacientes aumentando, quem está nas emergências tem situação pior ainda, e nos deparamos com as ruas lotadas, muitas pessoas, inclusive, sem máscaras. Isso é meio preocupante”, diz. "Não tem números de leitos infinitos e as pessoas precisam ter essa consciência. Não é possível abrir leitos constantemente. E se isso tem um limite, precisamos diminuir o número de pessoas expostas. A guerra começou e só tem a piorar.”
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