Saúde

Infertilidade: quantidade de espermatozoides não diminui, mas sua mobilidade sim, mostra estudo

Pandemia, microplásticos e produtos químicos são possíveis causas

Espermatozoides tentam fecundar um óvulo. Foto: Reprodução/Freepik Espermatozoides tentam fecundar um óvulo. Foto: Reprodução/Freepik  - Foto: Reprodução/Freepik

Um novo estudo questiona a ideia de que a quantidade de espermatozoides está diminuindo, uma crença compartilhada por muitos especialistas, e volta o foco para outro problema que pode prejudicar a fertilidade humana: a baixa mobilidade desses espermatozoides, ou seja, sua pouca capacidade de nadar espontaneamente.

A pesquisa feita por cientistas do Reino Unido, Canadá e Dinamarca e publicada na revista científica Reprodução Humana analisou dados de 6.758 homens com idades entre os 18 e os 45 anos, de quatro cidades da Dinamarca, que se candidataram para se tornarem dadores de esperma no maior banco de esperma do mundo, o Cryos International. Os dados abrangeram o período entre 2017 e 2022.

Ao longo dos últimos 30 anos, uma série de estudos havia alertado sobre o declínio da quantidade de espermatozoides em homens de países industrializados. A culpa por isso estaria na exposição a produtos químicos diários, microplásticos e até no consumo de cannabis.

“É comum acreditar que a contagem de espermatozoides nos homens está caindo”, disse o co-autor do trabalho, professor Allan Pacey, da Universidade de Manchester, em um comunicado. “Não vimos tal mudança. Nesta população de voluntários, as concentrações de esperma não mudaram entre 2017 e 2022.”

No entanto, houve um resultado que surpreendeu a equipe: “O declínio nas medidas de motilidade dos espermatozoides entre 2019 e 2022 foi uma descoberta inesperada”, afirmou outro autor do estudo Robert Montgomerie.

A concentração de espermatozóides móveis e a contagem total de espermatozóides móveis – ambas medidas de qualidade do esperma em vez de quantidade absoluta – diminuíram 16% e 22%, respectivamente, entre 2019 e 2022.

“Este declínio corresponde aproximadamente ao início da pandemia de Covid-19”, explica Montgomerie. “Embora não haja evidências que sugiram que o vírus Sars-CoV-2 esteja afetando diretamente os espermatozoides, especulamos se as restrições generalizadas podem ter levado a mudanças nos padrões de trabalho, na dieta e nos níveis de atividade física que já sabemos que podem afetar a mobilidade dos espermatozoides.”

Os autores ressaltam no seu artigo, porém, que essa relação não pode ser determinada diretamente a partir dos seus dados e que são necessários mais estudos sobre o assunto.

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