RACISMO

"Influencers" entregam banana e macaco de pelúcia para crianças negras

Especialista em Direito antidiscriminatório afirma que registro apresenta "racismo recreativo"

Vídeo mostra "influencers" fazendo racismo recreativo com criançasVídeo mostra "influencers" fazendo racismo recreativo com crianças - Foto: Reprodução

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A advogada Fayda Belo denunciou duas influencers que publicaram em suas redes vídeos nos quais elas aparecem entregando um macaco de pelúcia, uma banana e até dinheiro para crianças abordadas em vias públicas.

Especialista em Direito antidiscriminatório, Fayda afirma que o vídeo apresenta o chamado “racismo recreativo”, que ocorre quando alguém usa de “discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão”.

— Vocês conseguem dimensionar o nível de monstruosidade que essas duas ‘desinfulenciadoras’ tiveram ao dar um macaco e uma banana para duas crianças e ainda postar nas redes sociais para os seus mais de 13 milhões de seguidores [...]? Para ridicularizar duas crianças negras, para incitar essa discriminação perversa que nos tira o status de pessoa e nos animaliza como se fosse piada — afirma Fayda.

 

Os vídeos que circulam nas redes sociais são da influencer Kérollen, que tem um canal no qual publica vídeos junto com a filha, Nancy. São mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e 13 milhões no Tiktok.

Em um dos registros, Kérollen conversa com um menino negro em uma calçada e questiona se ele gostaria de receber um presente ou R$ 10. Ele opta pelo presente, mas, ao perceber que se tratava de uma banana, responde “só isso?”, afirma que não gostou e deixa o vídeo da influencer.

Em outro registro, ela aborda uma menina na rua e faz uma proposta similar, oferecendo a opção de a criança escolher entre R$ 5 ou uma caixa. A criança opta pelo “presente”, recebe das mãos da influencer e abre, vendo se tratar de um macaco de pelúcia. Aparentando ter ficado feliz, ela abraça o brinquedo e agradece a influencer.

— Você pode receber uma pena de até quase oito anos de cadeia [...]. O artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente diz que é inviolável a integridade moral do menor, bem como a sua imagem deve ser preservada. [...] O [artigo] 18 diz que é proibido expor menores de idade a constrangimento, a vexame, a humilhação, a ridicularização em público — destaca Fayda.

Procurada pela reportagem, as influencers não responderam aos contatos. Após a repercussão do caso, a conta delas no Instagram impediu que novos comentários fossem feitos nas publicações. Desde a repercussão dos vídeos, a conta da dupla no Instagram publicou apenas um story, no qual está escrito o versículo bíblico Isaías 43:25: "Mas sou eu, eu mesmo, que apago os seus pecados por amor de mim, e que nunca mais se lembra deles".

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