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Coronavírus

Inglaterra deixa segundo confinamento, no dia de anúncio da vacina

Coronavírus em LondresCoronavírus em Londres - Foto: Tolga AKMEN / AFP

O Reino Unido vislumbrou, nesta quarta-feira (2), o início de um retorno progressivo à normalidade, ao se tornar o primeiro país ocidental a aprovar uma vacina contra o coronavírus, a desenvolvida pela Pfizer/BioNTech, no mesmo dia em que a Inglaterra sai de seu segundo confinamento.

"O governo aceitou hoje a recomendação da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA) para aprovar o uso da vacina covid-19 da Pfizer/BioNTech", anunciou o Ministério da Saúde.

Apesar da rapidez da aprovação, o processo foi feito "com todo rigor" e sem precipitação, garantiu a diretora deste órgão independente, June Raine.

Com quase 59 mil mortes confirmadas por covid-19, o Reino Unido é o país mais afetado na Europa pela pandemia, que neste ano causará o maior retrocesso em sua economia em 300 anos: -11,3%.

Seus 56 milhões de habitantes saíram de um segundo confinamento geral de quatro semanas. Agora, ficarão sob restrições locais que os impedirão de se reunir com a família e com amigos em lugares fechados e que manterão bares, restaurantes, cinemas e teatros fechados em metade do país. 

Nesse contexto, o primeiro-ministro Boris Johnson classificou como "fantástica" a aprovação da vacina que deve chegar nos próximos dias, procedente dos laboratórios da Pfizer na Bélgica.

"É a proteção das vacinas que vai finalmente nos devolver nossas vidas e fazer a economia se mover de novo", tuitou.

"Mas não é o fim dos nosso combate nacional contra o coronavírus", advertiu o premiê depois, no Parlamento, pedindo a todos que continuem respeitando as restrições durante os meses necessários para vacinar a população mais vulnerável. A previsão do Executivo é que isso esteja concluída até em torno de abril.

- Vacinação na próxima semana -
Uma primeira entrega de 800.000 doses desta vacina, das quais o Reino Unido comprou 40 milhões antecipadamente, estará disponível no início da próxima semana, disse o ministro da Saúde Matt Hancock em entrevista à BBC Radio 4.

O restante chegará gradualmente, à medida que estiver disponível.

"Cada novo carregamento deve obter a aprovação da MHRA", frisou.

Dada a necessidade de conservar o produto em temperatura muito baixa, entre -70ºC e -80ºC, a campanha de vacinação começará nos hospitais e será realizada seguindo uma ordem de prioridade: residentes e funcionários de lares para idosos, pessoal médico e pessoas com mais de 80 anos. 

Mas "sempre disse que o grosso da vacinação será no ano que vem", ressaltou Hancock.

Os resultados dos ensaios clínicos desta vacina mostraram uma eficácia de 95%.

A autorização "no Reino Unido marca um momento histórico na luta contra a covid-19", celebrou o CEO da Pfizer, Albert Bourla. 

"Esperamos que a chegada desta vacina ao Reino Unido reduza o número de hospitalizações de pessoas de alto risco", declarou o diretor da BioNTech, Ugur Sahin. 

Com uma população de 66 milhões de habitantes, o Reino Unido também reservou tratamento de outros laboratórios, como as 100 milhões de doses da vacina em desenvolvimento por Oxford e pelo laboratório britânico AstraZeneca, e outros 60 milhões da futura vacina da Novavax.

- "Muito trabalho por fazer" -
Apesar da esperança que traz, "este anúncio não é o fim da história, e ainda há muito trabalho a ser feito", adverte o presidente da Sociedade Britânica de Imunologia, professor Arne Akbar.

"A implantação da vacina será um desafio logístico e depende dos nossos dedicados profissionais da saúde em todo país. Além disso, estimular a confiança do público na vacina será crucial", frisou.

O sistema inovador usado pela Pfizer/BioNTech e o tempo recorde em que esta e outras vacinas foram desenvolvidas aumentaram a relutância entre parcelas da população.

"Ouvimos todas essas loucuras conspiratórias, é ridículo", disse à AFP, nas ruas de Londres, Charlie Manchester, um inglês com "confiança nos cientistas", determinado a receber a vacina o quanto antes.

A notícia dá ao premiê Boris Johnson um respiro político, nesta quarta, após sofrer uma rebelião sem precedentes na noite anterior na Câmara dos Comuns. Na Casa, 55 deputados das suas fileiras se opuseram ao sistema de restrições locais que substituirá o confinamento.

O sistema foi aprovado, graças à abstenção da oposição, mas deixou a autoridade do primeiro-ministro e sua maioria parlamentar bastante arranhadas.

Enquanto isso, as lojas de todo país voltam a abrir, atraindo britânicos ansiosos para fazerem suas compras de Natal. 

Estádios de futebol e outros eventos esportivos poderão voltar a receber público, com lotação limitada, pela primeira vez desde março deste ano.

Além disso, o governo começou a implantar um sistema de testes em massa para permitir um maior movimento nos próximos meses, até que a vacinação seja concluída.

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