Inteligência Artificial: uso e regulamentação na pauta da Rádio Folha
A Inteligência artificial, o uso correto da ferramenta e a urgente regulamentação foram pontos abordados pelo Phd em Inteligência Artificial Celso Camilo
A Inteligência artificial (IA), o uso correto da ferramenta e a urgente regulamentação, nos diversos setores em que há possibilidade de aplicação do recurso no Brasil e no mundo, estiveram na pauta da Entrevista Rádio Folha 96,7 FM desta sexta-feira (5).
O Phd em Inteligência Artificial Celso Camilo, um dos principais nomes da pesquisa e desenvolvimento da IA no Brasil, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e ex-secretário de tecnologia do estado, foi o entrevistado no estúdio da Rádio Folha FM.
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Inteligência artificial
Durante a entrevista, o especialista, que esteve no Recife para participar da terceira edição da Startup20, fórum que reúne diversos atores e pesquisadores da área, destacou a importância do reconhecimento da inevitável convivência com a ferramenta por parte da população.
"A IA já é um caminho sem volta. Não é mais só uma ferramenta, é uma ciência que está sendo aplicada em diversas áreas, indústrias e inclusive na economia. Então, é preciso reconhecer que estamos tendo uma revolução social", afirmou o pesquisador.
Segundo Camilo, essa "revolução social" faz parte do ciclo natural da história da civilização.
"É algo que acontece sempre na história, desde as primeiras revoluções industriais. Cada revolução tecnológica transforma a sociedade e causa uma revolução social. Essa mudança gera mais demandas para a própria tecnologia, ocasionando outra inovação tecnológica. Estamos sempre em um espiral ascendente", explicou.
Ação imperceptível
Apesar de parecer uma grande revolução tecnológica, e de ser assustadora para alguns, o professor garante que a IA já está presente no cotidiano da sociedade há algum tempo, em pequenas coisas do dia a dia, e dá exemplos:
"Quando se usa um aplicativo de navegação no automóvel, já se está uitilizando inteligência artificial. A aba de spam no e-mail, por exemplo, é a IA quem classifica, a partir de um componente da mensagem. Então, você tem uma série de elementos que as pessoas já estão interagindo com a IA a bastante tempo, mesmo sem perceber", contou Camilo.
A expectativa, segundo o Phd, é de a cada dia a prestação de serviço da inteligência artificial evolua para uma nova etapa, tornando-se visível para a população de uma forma geral.
"Temos acompanhado, em algumas frentes, o funcionamento de transportes como o ônibus, por exemplo, em que estamos ficando sem motorista", pontuou o professor.
Regulamentação da inteligência artificial
O grande ponto do uso da ferramenta para o professor, e que vem sendo bastante debatido, é a regulamentação da inteligência artificial e das formas como ela pode ser usada.
A expectativa dos estudiosos do tema é de que ela seja uma aliada na produtividade e otimização do trabalho dos profissionais, em qualquer segmento em que seja utilizada.
"A ferramenta pode ser uma aliada, desde que seja aplicada da forma correta, para um bom uso. As pessoas se questionam se pode causar desemprego, principalmente no caso de professores. Mas o que se deve existir é uma capacitação nesse processo. O ideal é capacitar esses profisisonais para orientar e supervisionar os alunos no uso da tecnologia até que tenham maturidade para utilizá-la", ressaltou Camilo.
Cenário no Brasil
Durante a entrevista na Rádio Folha 96,7 FM, Celso Camilo pontuou, ainda, o cenário da regulamentação da Inteligência Artifical no Brasil e a necessidade de seja feita de forma adequada para assegurar o uso ético e eficiente da ferramenta.
"A regulação não deve ser excessivamente restritiva a ponto de matar a inovação. Precisa ser feita com competência, para que as startups e empresas brasileiras que estão começando a se destacar não sejam prejudicadas ", afirmou o professor.
O pesquisador ainda destacou que o Brasil precisa acompanhar as tendências globais, sem sufocar a inovação, para não ficar para trás no cenário internacional. Celso explicou que o Brasil deve encontrar um equilíbrio, que permita a evolução tecnológica sem perder a capacidade de competir no mercado global.
"O Brasil historicamente tende a seguir modelos europeus em termos de regulamentação, como vimos com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). No entanto, é crucial que façamos isso de uma maneira que não atrase a nossa entrada nesse mercado competitivo", disse Camilo.
O continente europeu adotou uma regulamentação que avalia a ferramenta através de um ponto de vista mais "humano", ao contrário dos Estados Unidos, que está regulamentando a Inteligência Artificial por uma visão de mercado.
Para finalizar, Camilo destacou a importância de um pensamento estratégico de longo prazo, independente de mudanças governamentais, para o desenvolvimento da inteligência artificial no Brasil.
"Precisamos de uma estrutura de Estado, não de governo, para que possamos ter continuidade e maturidade política no desenvolvimento da IA", concluiu.