Inteligência dos EUA enfatiza riscos de permitir que Ucrânia realize ataques de longo alcance
Agências americanas concluíram que conceder o pedido da Ucrânia para usar mísseis ocidentais contra alvos da Rússia não mudaria curso da guerra e ainda poderia levar a uma retaliação violenta
As agências de Inteligência dos EUA acreditam que a Rússia provavelmente retaliará com mais força, contra os Estados Unidos e seus parceiros de coalizão, possivelmente com ataques letais, se concordarem em dar aos ucranianos permissão para empregar mísseis de longo alcance fornecidos por EUA, Grã-Bretanha e França, para ataques dentro da Rússia.
A avaliação da Inteligência, que não foi relatada anteriormente, também minimiza o efeito que os mísseis de longo alcance terão no curso do conflito, porque os ucranianos atualmente têm um número limitado de armas e não está claro quantas mais - se houver - os aliados ocidentais podem fornecer.
A avaliação destaca o que os analistas de inteligência veem como o perigo potencial e as recompensas incertas de uma decisão de alto risco que agora cabe ao presidente Biden, que se reuniu com o presidente Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, na Casa Branca, na quinta-feira.
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As avaliações divulgadas podem ajudar a explicar, em parte, por que a decisão de Biden seria tão difícil ao dizer não ao pedido de Zelensky. Autoridades dos EUA, que falaram sob condição de anonimato para discutir questões de inteligência e deliberações internas, disseram que ainda não está claro o que Biden decidirá fazer.
Zelensky fez lobby público e privado para usar os mísseis e levar a guerra mais longe na Rússia.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, frequentemente emprega ameaças para impedir os Estados Unidos e seus parceiros de coalizão de fornecer sistemas de armas mais avançados aos ucranianos.
Líderes britânicos têm sido menos avessos ao risco. Eles expressaram apoio para permitir que os ucranianos usem os mísseis de longo alcance que forneceram para ataques dentro da Rússia, mas estão esperando que Biden tome uma posição sobre o assunto, antes de autorizar ataques, já que a potencial resposta russa pode ter implicações para a segurança da coalizão como um todo.
A avaliação de Inteligência descreve uma série de possíveis respostas russas, desde atos intensificados de incêndio criminoso e sabotagem contra instalações na Europa até ataques potencialmente letais a bases militares dos EUA e da Europa.
Autoridades dos EUA dizem que a GRU, a agência de inteligência militar da Rússia, foi responsável pela maioria dos atos de sabotagem na Europa, que ocorreram até agora. Se Putin decidir expandir essa campanha em resposta ao uso de mísseis americanos e europeus pela Ucrânia, as autoridades americanas acreditam que os russos continuarão a agir secretamente, em vez de realizar ataques abertos a instalações e bases americanas e europeias, para reduzir o risco de um conflito mais amplo.
Os Estados Unidos e seus parceiros de coalizão forneceram aos ucranianos três tipos de sistemas de mísseis de longo alcance - Sistemas de Mísseis Táticos do Exército, de fabricação americana, conhecidos como ATACMS; mísseis Storm Shadow, de fabricação britânica; e mísseis SCALP fornecidos pela França.
Alguns desses mísseis já foram usados pelos ucranianos para atacar alvos militares russos dentro e ao redor da Península da Crimeia, que Moscou anexou em 2014.