Intervenção judicial na eleição presidencial gera indignação na Guatemala
Tribunal inabilitou o partido de Arévalo, o Semilla, o que, na prática, impede que o candidato dispute o segundo turno contra a ex-primeira dama Sandra Torres
A revolta entre os guatemaltecos aumentava, nesta quinta-feira (13), devido à intervenção da Justiça contra o candidato social-democrata à Presidência Bernardo Arévalo, uma decisão que mantém suspenso o segundo turno eleitoral previsto para 20 de agosto.
Um tribunal inabilitou o partido de Arévalo, o Semilla, o que, na prática, impede que o candidato dispute o segundo turno contra a ex-primeira dama Sandra Torres, também social-democrata. Pouco depois, porém, ambos foram oficializados para o segundo turno pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), gerando mais incerteza.
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A decisão judicial desencadeou manifestações no país e críticas dos Estados Unidos, às quais se somaram advertências da cúpula empresarial guatemalteca e da União Europeia (UE).
"É imperativo respeitar a decisão da máxima entidade eleitoral e a vontade dos guatemaltecos expressada nas urnas" em 25 de junho, no primeiro turno presidencial, declarou o Comitê Coordenador de Associações Comerciais, Industriais e Financeiras (CACIF) em um comunicado.
A UE criticou o promotor Rafael Curruchiche, que pediu a inabilitação do Semilla à Justiça, afirmando que, "em pleno processo eleitoral, ameaça uma das bases da democracia: o respeito à vontade popular expressada nas urnas".
Em uma nota, o bloco europeu pediu o "fim da judicialização das eleições com manobras que têm um duvidoso encaixe legal no ordenamento jurídico guatemalteco e que os poderes públicos garantam o livre exercício do voto, sem impedimentos de qualquer tipo".
O Semilla apresentou à Corte de Constitucionalidade um mandado de proteção contra a decisão do juiz Fredy Orellana. O partido considera que o magistrado infringiu a lei guatemalteca, que estabelece que "não poderá se suspender um partido depois da convocação de uma eleição e até que essa tenha sido celebrada".
"O que estão tentando fazer é inventar um caso, como bem o denunciamos agora, para tentar derrubar o partido e a candidatura de Bernardo Arévalo", disse à AFP o deputado do Semilla Samuel Pérez.
Após o anúncio da inabilitação do partido, seguidores de Arévalo se manifestaram em frente à sede do TSE na capital durante a noite de quarta-feira.
"Estamos de pé lutando para defender o sistema democrático guatemalteco. Pela primeira vez, está sob uma ameaça inacreditável, e forças muito grandes estão se movimentando para destrui-lo, mas estamos aqui para defendê-lo", disse à AFP o manifestante Victor Castro.
Os Estados Unidos classificaram a decisão judicial como "novas ameaças à democracia" por parte do Ministério Público guatemalteco.