Mundo

Invasão à embaixada mexicana ocorreu em circunstâncias 'excepcionais', afirmou Equador à CIJ

Em uma coletiva de imprensa, o agente-chefe do México perante o tribunal, Alejandro Celorio Alcántara, disse que o que aconteceu em 5 de abril "deve ter consequências"

Policiais de choque e membros do corpo de polícia diplomática montam guarda em frente à embaixada do Equador na Cidade do México em 6 de abril de 2024Policiais de choque e membros do corpo de polícia diplomática montam guarda em frente à embaixada do Equador na Cidade do México em 6 de abril de 2024 - Foto: Yuri Cortez/AFP

As alegações do Equador nesta quarta-feira (1º) encerraram as audiências orais perante a CIJ em resposta ao pedido do México de medidas cautelares após o episódio.

Em sua apresentação à CIJ, o Equador pediu à corte que rejeitasse o pedido de medidas provisórias do México.

O México "não demonstrou qualquer urgência para a indicação de medidas provisórias no sentido de que não há risco real e imediato de dano irreparável" aos direitos que busca proteger, disse Terán Parral.

Portanto, "a República do Equador solicita ao tribunal que rejeite o pedido de indicação de medidas provisórias apresentado pelos Estados Unidos Mexicanos", disse ele.

Em uma declaração à imprensa no final da audiência, Terán Parral disse esperar que os argumentos apresentados "sejam levados em consideração de forma positiva" pela CIJ.

O diplomata acrescentou que o Equador "aceitará e cumprirá a decisão que esse órgão adotar, seja ela qual for".

Na segunda-feira, o Equador entrou com uma ação judicial contra o México, que acusa de não cumprir suas obrigações de acordo com o direito internacional.

Em particular, o Equador questiona o uso indevido das instalações da embaixada para proteger o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas do sistema judiciário equatoriano, além de interferir nos assuntos internos do país.

Na noite de 5 de abril, após vários dias de tensão, homens armados das forças de segurança equatorianas invadiram a embaixada mexicana na capital, Quito, em um escândalo sem precedentes na região.

Os homens armados levaram à força o ex-vice-presidente Jorge Glas, que está sendo julgado no Equador e recebeu asilo das autoridades mexicanas.

Jorge Glas continua preso, embora o México afirme que Glas ainda tem status de asilado.

O Equador argumenta que a concessão de asilo a Glas foi ilegal, pois ele é réu em um processo criminal.

Glas entrou na embaixada mexicana em dezembro de 2023 e exigiu asilo, que foi finalmente concedido em abril.

Na terça-feira, no primeiro dia de audiências, o México defendeu seu pedido de medidas urgentes perante os juízes da CIJ.

Em uma coletiva de imprensa, o agente-chefe do México perante o tribunal, Alejandro Celorio Alcántara, disse que o que aconteceu em 5 de abril "deve ter consequências".

Na quarta-feira, Terán Parral assegurou à CIJ que seu país está protegendo as instalações diplomáticas mexicanas e os arquivos lá existentes, que são objeto de um dos pedidos de medidas provisórias do México à CIJ.

Ele acrescentou que o Equador também não se opõe ao fato de que os representantes mexicanos esvaziem e evacuem tanto as instalações da embaixada quanto as residências dos diplomatas, objeto de outro dos pedidos de medidas urgentes.

Por esse motivo, o Equador considerou o pedido mexicano de medidas urgentes à CIJ como "desnecessário e injustificado".

A Corte agora terá que decidir sobre as reivindicações do México em "um período de algumas semanas", de acordo com uma fonte da equipe de imprensa da CIJ. O tratamento da reconvenção do Equador contra o México ainda não foi agendado.

Veja também

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela
Venezuela

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios
Queimadas

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios

Newsletter