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Irã anuncia que começou a produzir urânio enriquecido a 60% na central de Fordo

A central de Fordo foi construída no subsolo para evitar ataques com mísseis de países inimigos

Imagem de satélite da Central Subterrânea de Fordo no IrãImagem de satélite da Central Subterrânea de Fordo no Irã - Foto: Satellite image 2021 Maxar Technologies / AFP

O Irã começou a produzir urânio enriquecido a 60% na central nuclear de Fordo, que foi reaberta em 2019, quando o governo de Teerã deixou de cumprir progressivamente o acordo internacional com as grandes potências sobre seu programa nuclear, informou a imprensa estatal nesta terça-feira (22).

"O Irã começou a produção de urânio enriquecido pela primeira vez em Fordo", afirmou a agência Isna.

Esta central subterrânea, que fica 180 quilômetros ao sul de Teerã, foi reformada para melhorar sua capacidade.

A fabricação de uma bomba nuclear exige um nível de enriquecimento de urânio a 90% e alcançar o estágio de 60% é muito significativo.

O Irã sempre negou que suas atividades nucleares tenham como objetivo a produção de uma bomba e insiste que seu programa tem finalidades civis.

Segundo o acordo internacional assinado em 2015, o Irã concordou que a central de Fordo se limitaria a enriquecer urânio a 3,67%, quantidade suficiente para usos civis, como parte de vários compromissos e restrições para suas atividades nucleares.

Em troca, as grandes potências suspenderam as sanções impostas a Teerã por seu programa nuclear.

Mas o acordo está na corda bamba desde 2018, quando o governo dos Estados Unidos abandonou o pacto de maneira unilateral, durante o governo de Donald Trump, e restabeleceu as sanções contra o Irã.

Medidas de represálias
Um ano depois, Teerã começou a deixar de cumprir, de maneira progressiva, suas obrigações.

Em janeiro de 2021, a República Islâmica anunciou que estava trabalhando para enriquecer urânio a 20%. Alguns meses depois, outra instalação iraniana alcançou o nível de 60%.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já expressou o desejo de Washington participar de uma retomada do acordo internacional e as negociações estão em curso desde abril do ano passado.

Mas o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, declarou em outubro que vê poucas chances de retomada do acordo, no momento em que o Irã enfrenta uma onda de manifestações motivada pela morte, em setembro, da jovem Mahsa Amini, detida pela polícia da moralidade.

A central de Fordo foi construída no subsolo para evitar ataques com mísseis de países inimigos.

O inimigo do Irã na região, Israel, nunca descartou a possibilidade de efetuar ações, caso considere necessário, para impedir o Irã de desenvolver capacidades nucleares.

O acordo internacional entre as grandes potências e o Irã foi supervisionado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), mas a relação entre Teerã e o organismo da ONU ficou tensa nas últimas semanas.

Na quinta-feira, o conselho de ministros da AIEA aprovou uma resolução que critica a falta de cooperação do Irã e foi o segundo pronunciamento neste sentido, depois de outra declaração divulgada pela agência em junho.

Teerã anunciou que adotará medidas de represálias para responder à resolução da AIEA.

A agência oficial ISNA afirmou que o aumento da capacidade da central de Fordo é parte da resposta iraniana.

O motivo da discórdia das duas resoluções é a falta de respostas confiáveis do ponto de vista técnico por parte de Teerã sobre os indícios de urânio enriquecido encontrados em três usinas não declaradas pelo governo.

As negociações para a retomada do acordo internacional de 2015 estão paralisadas e Teerã deseja o fim de uma investigação da AIEA.

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