Irã diz que não ficará 'indiferente' se Rússia usar drones na Ucrânia
País negou as acusações de ter entregue armas para serem usadas na Ucrânia
O ministro das Relações Exteriores do Irã informou nesta segunda-feira (24) que Teerã não ficará "indiferente" caso se evidencie que a Rússia está usando drones de fabricação iraniana na Ucrânia.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse nesta segunda que a Rússia encomendou cerca de 2.000 drones ao Irã para dar apoio à invasão.
"Na guerra na Ucrânia [...] somos contra armar tanto a Rússia quanto a Ucrânia", disse o ministro das Relações Exteriores iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, em um vídeo publicado pela imprensa local.
"Não fornecemos à Rússia nenhuma arma ou drone para seu uso contra a Ucrânia", acrescentou, reiterando desmentidos anteriores, embora tenha admitido que os dois países têm vínculos de cooperação.
Leia também
• Otan pede à Rússia que não use 'bomba suja' como pretexto para escalada na Ucrânia
• Conflito na Ucrânia pode fragilizar equilíbrio político na Europa
• Rússia afirma que Ucrânia entrou na "fase final" da fabricação de "bomba suja"
O chefe da diplomacia iraniana reafirmou o desejo de manter discussões diretas com a Ucrânia sobre o tema e disse tê-lo informado ao encarregado das Relações Exteriores da União Europeia (UE), Josep Borrell.
A Ucrânia e seus aliados ocidentais acusam Moscou reiteradamente de usar drones de fabricação iraniana em seus ataques contra a Ucrânia nas últimas semanas.
O Irã negou as acusações de ter entregue à Rússia armas para serem usadas na Ucrânia e a Rússia sustenta que os países ocidentais querem pressionar a república islâmica.
Mais cedo, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanani, negou as acusações dos Estados Unidos de que há pessoal iraniano "no terreno na Crimeia" - uma península do sul da Ucrânia, anexada por Moscou em 2014 - para dar apoio técnico à Rússia.
"Rechaçamos firmemente estas informações", disse Kanani, afirmando que os Estados Unidos "buscam desviar a opinião pública do papel destrutivo que eles têm na guerra na Ucrânia, ao apoiar um lado do conflito e exportar grande número de armas e equipamentos à Ucrânia".
O conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, John Kirby, afirmou que "Teerã agora está diretamente envolvida no terreno e mediante o fornecimento de armas que estão afetando os civis e a infraestrutura civil na Ucrânia".
Kanani respondeu afirmando que seu país "não toma partido na guerra na Ucrânia".
"Não estamos exportando armas a nenhum lado do conflito para a guerra na Ucrânia", insistiu o porta-voz.
Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia impuseram sanções contra o Irã, acusando a república islâmica - como também fez o governo ucraniano - de vender drones que a Rússia está utilizando no conflito.
Em setembro, a Ucrânia decidiu reduzir significativamente suas relações com o Irã a partir do suposto fornecimento de armas de Teerã a Moscou.