Irã executou mais de 90 pessoas este ano, segundo ONGs
As ONGs Anistia Internacional e o Centro Abdorrahman Boroumand revelaram acusações horripilantes de violência sexual e outros tipos de tortura" para obter confissões forçadas
As autoridades iranianas executaram ao menos 94 pessoas desde o início do ano, informaram nesta quinta-feira (2) as ONGs Anistia Internacional e o Centro Abdorrahman Boroumand, um "aumento notável" em relação ao mesmo período do ano passado.
"As autoridades executaram pelo menos 94 pessoas somente nos meses de janeiro e fevereiro", indicaram em um comunicado estas duas organizações de defesa dos direitos humanos.
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As informações coletadas também revelam "acusações horripilantes de violência sexual e outros tipos de tortura" para obter confissões forçadas.
As ONGs alertam para um "crescente uso da pena de morte contra as minorias perseguidas".
Desde o início do ano, "as autoridades iranianas executaram pelo menos uma pessoa da minoria árabe ahwazi, 14 curdos e 13 balúchis após julgamentos injustos", destacam.
Pelo menos outras dez pessoas foram condenadas à morte, o que marca "uma escalada chocante no uso da pena de morte como ferramenta de repressão contra as minorias étnicas", disse o comunicado.
Algumas dessas pessoas foram condenadas por suposto envolvimento no movimento de protestos que sacode o Irã desde a morte em setembro de 2022 de Mahsa Amini, uma jovem curdo-iraniana acusada de desrespeitar o uso do véu no país.
"As autoridades iranianas estão realizando execuções em escala assustadora. Suas ações constituem um ataque ao direito à vida e uma tentativa vergonhosa não apenas de reprimir ainda mais as minorias étnicas, mas também de semear o medo de que qualquer oposição será reprimida com força bruta, nas ruas ou na forca", acusou Roya Boroumand, chefe da ONG iraniana com sede nos Estados Unidos.
"O mundo deve agir agora para pressionar as autoridades iranianas a implementar uma moratória oficial sobre as execuções, para anular condenações injustas e sentenças de morte, e para anular todas as acusações ligadas à participação pacífica em protestos", acrescentou Diana Eltahawy, vice-diretora da Anistia Internacional para o Oriente Médio e Norte da África.