Irã minimiza ataque atribuído a Israel, que bombardeia Gaza
Explosões desencadearam uma onda de apelos internacionais à calma, em uma região sob tensão desde 7 de outubro devido à guerra em Gaza
O Irã minimizou o ataque de sexta-feira (19) atribuído a Israel, comparando-o a uma brincadeira de "crianças" e ambas as partes parecem querer rir da situação e não mergulhar nas hostilidades decorrentes da guerra em Gaza.
"O que aconteceu ontem à noite não foi um ataque. Foi um voo de dois ou três quadricópteros, como os brinquedos de nossas crianças no Irã", ironizou o ministro das Relações Exteriores iraniano, Amir Abdollahian, à NBC News.
“Enquanto não houver novas aventuras do regime israelense contra interesses iranianos, não responderemos”, esclareceu na entrevista, transmitida na sexta-feira.
A imprensa estatal iraniana noticiou explosões durante a madrugada de sexta-feira perto de uma base militar em Isfahan, centro do país, devido à interceptação “bem sucedida” de pequenos drones pelo sistema de defesa antiaérea.
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A imprensa americana afirmou, citando autoridades, que se trata de uma resposta de Israel a Teerã pelo ataque de 13 de abril.
Segundo o Washington Post, que citou uma autoridade israelense sob anonimato, o objetivo do ataque foi demonstrar que Israel é capaz de atingir o interior do seu território.
Um funcionário do Congresso americano, que não quis ser identificado, confirmou à AFP que Israel atacou o Irã.
As explosões desencadearam uma onda de apelos internacionais à calma, em uma região sob tensão desde 7 de outubro devido à guerra em Gaza entre Israel e o movimento Hamas, apoiado por Teerã.
- Haniyeh na Turquia -
O conflito começou após o ataque do movimento palestino no sul de Israel, no qual militantes islâmicos mataram cerca de 1.170 pessoas e sequestraram 250, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais oficiais.
Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas, que considera uma organização terrorista como a União Europeia e os Estados Unidos, e lançou uma intervenção na Faixa de Gaza.
A operação já deixou 34.049 mortos, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo grupo islâmico desde 2007.
Neste sábado, o Exército israelense afirmou que bombardeou "dezenas de alvos terroristas", incluindo uma "base de lançamento em Beit Hanun", no norte de Gaza, "após um míssil ter sido interceptado" na área da cidade israelense de Sderot.
Os bombardeios também atingiram o sul da Faixa e, segundo a Defesa Civil, um ataque israelense matou nove membros da mesma família em Rafah, para onde, segundo a ONU, foram descolados um milhão e meio de palestinos.
O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, chegou à Turquia na sexta-feira, onde se encontrou com o presidente Recep Tayyip Erdogan, já que o Catar afirma querer "reavaliar" o seu papel como mediador no conflito.
- "Desescalada" -
O suposto ataque israelense ao Irã expressou temores de uma escalada no Oriente Médio.
No Iraque, uma “explosão” noturna em uma base militar deixou pelo menos um morto e oito feridos, informaram as autoridades neste sábado. As situações ainda não estão claras.
Na sexta-feira, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, insistiu que o objetivo do seu país e de outros membros do G7, reunidos na ilha italiana de Capri, era uma "desescalada".
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que Moscou indicou a Israel que o Irã "não quer uma escalada".
Segundo analistas, ambas as partes estão interessadas em ficar entusiasmadas com a situação, pelo menos por enquanto.
Em 13 de abril, o Irã lançou um ataque sem precedentes com drones e mísseis contra o território israelense, embora a maioria dos projetos tenha sido interceptada por Israel e aliados.
Teerã apresentou a operação como “defesa legítima” ao bombardeio de seu consulado em Damasco, em 1º de abril.
No ataque, atribuído a Israel, morreram sete membros da Guarda Revolucionária, incluindo o general Mohamad Reza Zahedi, que liderava unidades de elite Al Quds, encarregadas das operações externas do governo iraniano.