Irã x Israel: Chanceler britânico diz que tomaria "ação contundente" se país fosse atacado
David Cameron afirmou que, apesar dos países terem o direito de responder a uma agressão, ação iraniana após bombardeio de consulado por Israel foi "desproporcional"
O chanceler britânico, David Cameron, afirmou que o ataque iraniano contra Israel no sábado (15), envolvendo o lançamento de cerca de 300 mísseis e drones foi uma resposta desproporcional ao bombardeio contra o consulado do país em Damasco, no começo do mês, que deixou 16 mortos, incluindo oficiais da Guarda Revolucionária. Mas ao ser questionado sobre o que faria caso uma representação consular britânica fosse atacada da mesma forma, disse que "tomaria uma ação muito contundente".
Em entrevista à TV Sky News, na noite de domingo (15), Cameron afirmou que "há uma grande diferença entre o que Israel fez em Damasco e o ataque iraniano no sábado", completando que "o que eles realizaram (Irã) foi muito grande, muito maior do que as pessoas esperavam.
— Os países têm o direito de responder quando eles sentirem que sofreram uma agressão. Mas veja o tamanho da resposta, se aquelas armas não tivessem sido abatidas, poderia haver milhares de vítimas, incluindo civis. Esse é um ponto muito importante a ser considerado — disse Cameron.
Leia também
• Irã x Israel: Opções na resposta ao ataque iraniano expõem riscos e põem Estado judeu sob pressão
• Israel enfrenta dilema de calibrar resposta após ataque do Irã
• Mortos em bombardeio a consulado iraniano estavam envolvidos em "terrorismo", diz Israel
No dia 1º de abril, o prédio do consulado do Irã em Damasco foi atingido por um bombardeio atribuído a Israel, deixando 16 mortos, incluindo três oficiais da Guarda Revolucionária do Irã, responsáveis pelas relações com o governo sírio e com grupos aliados — entre as vítimas estava Mohammad Reza Zahedi, comandante local da Força Quds, o braço da Guarda Revolucionária no exterior.
O Irã afirmou que o ataque violou a Convenção de Viena, de 1961, que garante a inviolabilidade de representações diplomáticas, e chegou a pedir uma condenação de Israel ao Conselho de Segurança da ONU, um pleito que acabou vetado por EUA, Reino Unido e Israel.
Quando questionado sobre o que faria se um ataque semelhante ocorresse contra um consulado britânico, Cameron foi sucinto.
— Nós tomaríamos uma ação muito contundente — respondeu. Israel, ao justificar indiretamente o ataque, afirma que o prédio não era um consulado, mas sim uma "base avançada" da Guarda Revolucionária, e que, por isso, seria um "alvo legítimo".
Em resposta, Teerã prometeu reagir, mesmo diante do risco de um conflito regional de grande porte, e no sábado lançou drones e mísseis — cerca de 300 — contra posições israelenses. O ataque, contudo, foi apontado por especialistas como "coreografado", uma vez que foi informado com antecedência a aliados regionais e, indiretamente, aos EUA. Quase 99% dos projéteis foram abatidos pelos israelenses e por aliados globais e regionais, como a Jordânia. A Casa Branca nega que tenha sido alertada sobre os planos iranianos, e disse que a ação "foi um fracasso" do regime e da Guarda Revolucionária.
Mesmo sem danos consideráveis, o Gabinete de guerra de Israel teria decidido lançar uma retaliação, mas foi convencido pelos EUA a ao menos adiar qualquer tipo de ação contudente contra Teerã.
— Eu entendo totalmente aqueles em Israel que querem ver mais [ação], mas acho que agora é hora de pensar com a cabeça e com o coração, além de ser inteligente e de ser firme — disse Cameron. — Creio que a coisa mais inteligente a se fazer agora é reconhecer que o ataque iraniano foi um fracasso, e que nós queremos manter o foco na influência maligna do Irã e também no que está acontecendo agora em Gaza.