Irã x Israel: Defesa aérea iraniana bloquearia potencial ataque israelense? Entenda
Bombardeio do fim de semana teve consequências limitadas para o território judeu devido ao seu complexo sistema antiaéreo, mas dispositivos das forças de Teerã são inferiores
O Irã disparou mais de 300 drones, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro contra o território israelense no fim de semana, numa breve exibição de sua capacidade militar, bem como do alcance e da sofisticação de parte de seu arsenal, que evoluiu em qualidade e quantidade nos últimos 15 anos.
Quase todos os disparos, porém, foram interceptados e falharam em atingir seus alvos devido aos avançados sistemas de defesa aérea de Israel e do apoio militar oferecido por países aliados, como Estados Unidos e Reino Unido. Mas o que aconteceria em um hipotético bombardeio lançado pelo Estado judeu, os persas teriam a mesma capacidade de se defender?
O Irã possui o maior e mais diversificado arsenal de mísseis do Oriente Médio, com milhares de mísseis balísticos e de cruzeiro, alguns capazes de atingir até Israel e o sudeste da Europa, como o Sejjil e o Soumar (que especialistas suspeitam que pode alcançar até 3.000 km de distância), segundo dados do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês).
Nos últimos 15 anos, o Irã “investiu significativamente para melhorar a precisão e a letalidade dessas armas”, afirma o CSIS, com sede em Washington, nos EUA. Esses desenvolvimentos tornaram as forças de mísseis do país “uma ferramenta potente para a projeção do poder iraniano e uma ameaça crível para as forças militares dos EUA e de seus parceiros na região”.
As Forças Armadas do Irã também são consideradas mais poderosas que as de Israel, ocupando a 14ª posição global, enquanto o exército israelense aparece em 17º, segundo o Global Firepower, um ranking especializado em potências militares que analisa o arsenal e as capacidades de 145 países.
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O sistema de detecção e destruição de mísseis do Irã, no entanto, é inferior ao de Israel. As Forças Armadas israelenses contam com uma variedade de sistemas para bloquear ataques aéreos, entre eles o famoso Domo de Ferro, dedicado a foguetes de curto alcance (até 70 km de distância), e o Arrow, capaz de interceptar mísseis até 2.400 km de distância. Já os dispositivos iranianos de alta altitude, como o Bavar-373, conseguem detectar alvos a no máximo 320 km de distância, segundo dados atualizados do Instituto de Washington para Política do Oriente Próximo, um centro de estudos pró-Israel com sede nos EUA.
Mas informes do instituto também sugerem que milícias sírias podem estar “treinando ativamente” na província de Deir al-Zour, situada 450 km a nordeste da capital Damasco, para usar um sistema iraniano avançado de mísseis antiaéreos de média a alta altitude. Conhecido como Khordad-15, ele “é semelhante ao sistema Patriot do exército dos EUA” e “supostamente pode atingir até seis alvos do tamanho de um jato de combate simultaneamente a uma distância de 120 quilômetros”, segundo o documento.
A informação não foi confirmada, mas segundo o institute, a instalação de um sistema de defesa como esses na Síria aumentaria significativamente os esforços de grupos aliados a Teerã, como o Hezbollah, no Líbano, e outros membros do chamado Eixo da Resistência “para combater operações aéreas israelenses ao longo das áreas de fronteira” visando contra-atacar o Irã após o bombardeio do fim de semana.
Em fevereiro, a república islâmica também apresentou dois novos sistemas antiaéreos construídos pelo Ministério da Defesa: o Arman, que "pode enfrentar simultaneamente seis alvos a uma distância de 120 km a 180 km", e o Azarakhsh, que "pode identificar e destruir alvos a uma distância de até 50 km com quatro mísseis prontos para disparar", segundo o ministro da Defesa, Mohammad-Reza Ashtiania, citado pela Irna, agência de notícias oficial do país.
Reportagem publicada pelo jornal Washington Post na segunda-feira também cita “uma parceria estratégica cada vez mais profunda entre Moscou e Teerã nos últimos dois anos desde a invasão total da Ucrânia pela Rússia”. Desde 2022, o Irã fornece milhares de drones para as forças russas que combatem no território ucraniano.
O Kremlin, por sua parte, prometeu fornecer ao seu aliado “caças avançados e tecnologia de defesa aérea”, que poderiam incluir a S-400, uma nova geração de sistema de mísseis antiaéreos desenvolvido pela Rússia “que os analistas militares avaliam ser capaz de detectar e destruir caças furtivos pilotados por Israel e pelos EUA, segundo a reportagem, que conversou com autoridades de inteligência e especialistas em armas de EUA, Europa e Oriente Médio sob condição de anonimato.
Consequências do ataque
Segundo o porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, 170 drones e 30 mísseis de cruzeiro foram disparados pelo Irã contra Israel no fim de semana, mas nenhum entrou no território israelense. Além disso, ao menos 110 mísseis balísticos também foram utilizados no ataque. Destes, um “pequeno número” atingiu o Estado judeu. Como a maioria dos projéteis veio de relativamente longe, Israel conseguiu enviar caças stealth F-35 para interceptá-los. Segundo as Forças Armadas israelenses, 25 dos 30 mísseis de cruzeiro enviados pelo Irã foram derrubados fora do país.
Alguns disparos, porém, atingiram a base aérea de Nevatim, no deserto do Negev. Conforme Hagari, ela continua “funcionando”. Oficiais afirmaram que o local, onde estão baseados os caças F-35 do país, era o alvo principal do Irã. Segundo a BBC, um míssil atingiu uma pista de pouso, outro, um hangar de aeronaves vazio, e um terceiro, um hangar fora de uso. Outro míssil balístico parecia ter mirado um radar no norte de Israel, mas errou o alvo. A agência de notícias oficial do Irã, porém, disse que o ataque causou “golpes pesados” na base aérea. (Com agências internacionais)