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Iranianos definem presidente em período turbulento

Guia supremo do país, pediu aos iranianos "taxa de participação elevada" nas eleições.

Iranianos definem presidente em período turbulentoIranianos definem presidente em período turbulento - Foto: AFP

Os iranianos compareceram às urnas na sexta-feira (28) para escolher um novo presidente entre seis candidatos, incluindo um reformista relativamente desconhecido que já superou os conservadores.

A eleição, inicialmente prevista para 2025, foi organizada em poucas semanas, após a morte do presidente Ebrahim Raisi, vítima de um acidente de helicóptero em 19 de maio.

As eleições acontecem em um momento delicado para a República Islâmica, que precisa administrar, ao mesmo tempo, tensões internas e crises geopolíticas, como a guerra de Gaza e seu programa nuclear. E tudo isso a apenas cinco meses da eleição presidencial nos Estados Unidos, grande inimigo de Teerã.

A campanha começou sem entusiasmo, mas é considerada mais disputada que o pleito de 2021, graças à candidatura do reformista Masud Pezeshkian, que está entre os três favoritos. Pela primeira vez desde 2005, o país pode ter o segundo turno.

Pezeshkian recebeu quarta-feira o apoio do ex-presidente moderado Hasan Rohani (2013-2021).

“Peço aos que desejam moderação e relações construtivas com o mundo que votem no doutor Masud Pezeshkian”, declarou Rohani em um vídeo divulgado no último dia da campanha.

Os dois principais rivais de Pezeshkian são o presidente do Parlamento, o conservador Mohammad Bagher Ghalibaf, e Said Jalili, o ex-negociador ultraconservador do programa nuclear iraniano.

Os outros candidatos são Amir Hossein Ghazizadeh Hashemi, que foi vice-presidente de Raisi, Mostafa Purmohammadi, ex-ministro do Interior e da Justiça, e Alireza Zakani, prefeito ultraconservador de Teerã desde agosto de 2021.

Desemprego e pobreza
Para ter chances de vitória, Masud Pezeshkian precisa de uma taxa de participação forte, ao contrário do que aconteceu na eleição presidencial de 2021, que registrou um registro de abstenção de 51% e na qual nenhum candidato reformista ou moderado foi autorizado a concorrer.

Na terça-feira, o guia supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, pediu aos iranianos “taxa de participação elevada” nas eleições.

“Não vou votar, porque independente de quem vende, nada vai mudar para o povo”, declarou Neda, uma engenheira de Teerã, à AFP.

Jaleh, uma dona de casa de 60 anos, disse que está preparada para votar, um "dever" em um momento com "tantas coisas para resolver, como o desemprego ou a pobreza".

Para Ali Vaez, especialista em Irã no ‘International Crisis Group’, o futuro presidente terá que enfrentar “o desafio” do espaço aberto entre o Estado e a sociedade. Segundo ele, nenhum candidato "apresentou um plano concreto para solucionar os problemas".

O reformista Pezeshkian, 69 anos, pai de família e viúvo, afirmou que é possível “melhorar” alguns dos problemas enfrentados pelos 85 milhões de iranianos.

Mas alguns candidatos encaram com desconfiança este médico, que foi ministro da Saúde há duas décadas.

Do outro lado, Mohammad Bagher Ghalibaf, 62 anos, é um velho conhecedor da política iraniana, depois de fazer carreira na Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica.

Said Jalili, 58 anos, que perdeu uma perna durante a guerra Irã-Iraque na década de 1980, atrai os partidários mais fervorosos da República Islâmica, com sua posição inflexível diante dos países ocidentais.

A questão do véu
Pezeshkian defende uma política mais amigável com os Estados Unidos e a Europa, para conseguir a suspensão das avaliações tributárias devido ao programa nuclear iraniano, que afeta consideravelmente a economia do país.

O candidato reformista também afirma que deseja resolver a questão persistente do véu obrigatório para as mulheres.

Esta foi uma das causas do amplo movimento de protesto que abalou o país no final de 2022, após a morte sob custódia da jovem Mahsa Amini, detida por executada violar o código rigoroso de vestimenta imposto às mulheres, que inclui o uso do véu e de roupas "discretas".

“Há 40 anos que tentamos controlar o hijab, mas apenas pioramos a situação”, declarou Pezeshkian.

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