Irlanda convoca referendo para remover machismo de sua Constituição
Os deputados também solicitaram que referências explícitas à igualdade de gênero e à proteção das famílias, inclusive fora do casamento, fossem incluídas na Constituição
Os irlandeses vão decidir por referendo no próximo mês de novembro se retiram da sua Constituição artigos considerados "ultrapassados" sobre o lugar da mulher, que supõe ser "no lar", anunciou o governo nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher.
O artigo 41.2 da Constituição aprovada em 1937, em um momento em que a República da Irlanda estava sob influência de um ramo muito puritano da Igreja Católica, estipula que "a mulher, com a sua vida no lar, fornece ao Estado um apoio sem o qual o bem comum não pode ser alcançado".
O texto acrescenta que "as mães não devem ser forçadas por necessidade econômica a trabalhar em detrimento de seus deveres domésticos".
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A Irlanda, por muito tempo considerada um país muito conservador, aprovou nos últimos anos em referendo e por ampla maioria leis a favor do aborto e do casamento homoafetivo.
"Por muito tempo, mulheres e meninas assumiram uma parcela desproporcional das responsabilidades familiares, foram discriminadas em casa e no local de trabalho, foram objetificadas ou viveram com medo de violência doméstica ou de gênero", disse o primeiro-ministro, Leo Varadkar, um comunicado.
A emenda constitucional iria "consagrar a igualdade de gênero" e "remover a referência desatualizada a 'mulheres do lar'", acrescentou.
A decisão de realizar um referendo segue uma série de recomendações feitas pelo Parlamento irlandês no ano passado, que incluiu a remoção do artigo sobre o lugar das mulheres e sua substituição por uma referência ao apoio do governo às famílias e comunidades.
Os deputados também solicitaram que referências explícitas à igualdade de gênero e à proteção das famílias, inclusive fora do casamento, fossem incluídas na Constituição.
O governo irlandês planeja publicar as questões específicas para o referendo no final de junho.