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HIV

Irmã de Dr. Luizinho trabalha na Fundação Saúde, que contratou laboratório envolvido em contaminação

Sócio-diretor PCS Lab Saleme, Matheus Vieira, é primo deles e também já trabalhou na Secretaria de Saúde

Teste de HIVTeste de HIV - Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A relação familiar investigada na polêmica contratação do laboratório PCS Lab Saleme pela Fundação Saúde ganhou mais uma personagem: a dentista Débora Lúcia Teixeira Medina de Figueiredo. Irmã do deputado e ex-secretário de Saúde Dr. Luizinho, ela trabalha na empresa pública responsável pela escolha do laboratório de seu primo, Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, para prestar serviços.

A possibilidade de improbidade administrativa é averiguada pelo Ministério Público, que apura o caso da contaminação de pelo menos seis pessoas por HIV em transplantes feitos no Estado do Rio.

Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira é sócio-diretor do laboratório PCS Lab Saleme — responsável pelos exames falso-negativos dos órgãos transplantados.

No período em que o processo licitatório que culminou na contratação do laboratório pela Fundação Saúde se desenrolou, de janeiro a setembro de 2023, seu primo Doutor Luizinho (Progressistas) era o secretário de Saúde do Rio. Além disso, uma irmã do deputado, a dentista Débora Lúcia Teixeira Medina de Figueiredo, trabalha até hoje na Fundação Saúde.

Desde 2023, o laboratório recebeu pagamentos que somam mais de R$ 20 milhões do governo do Rio, segundo dados do Portal da Transparência. Outro sócio do laboratório, Walter Vieira, é casado com a tia do político Luiz Antônio de Souza Teixeira Júnior.

Dono de laboratório já trabalhou em Secretaria de Saúde
Em períodos eleitorais, Matheus Vieira faz campanha para o primo nas redes sociais. E ele mesmo já trabalhou na Secretaria estadual de Saúde do Rio, no Centro Estadual de Diagnóstico por Imagem (Cedi). Ao Globo, a secretaria confirmou que ele "foi contratado como funcionário terceirizado, ocupando cargo administrativo entre os anos de 2021 e 2022".

No mesmo período em que trabalhava na secretaria, Vieira também tinha contratos assinados para prestar serviços em unidades de saúde do estado.

Além de ser diretor do PCS Lab Saleme, Vieira é sócio de outra empresa do ramo da saúde, a Quântica Serviços de Radiologia. Entre 2021 e 2022, a Quântica foi contratada por mais de R$ 8 milhão pela Organização Social (OS) Instituto de Psicologia Clínica Educacional e Profissional (IPCEP), que administrava o Hospital estadual Getúlio Vargas e a UPA da Penha, para realizar serviços de exames de raios-x, tomografia computadorizada e ultrassonografia nas duas unidades.

A contratação foi feita sem licitação, sob o argumento de que o serviço foi terceirizado pela OS, e o contrato é assinado pelo próprio Vieira. Em março de 2022, enquanto o contrato de sua empresa com a OS estava em vigência, Matheus tinha um salário de R$ 4.751,89 como "apoio administrativo" na Fundação Saúde.

Dr. Luizinho emite nota
Em nota, Luizinho admitiu conhecer os sócios do laboratório e afirmou que espera "punição aos responsáveis, independente de quem for". Segundo o deputado, "enquanto secretário, mantive a mesma equipe do Programa Estadual de Transplantes da gestão anterior e jamais participei da contratação deste ou de qualquer outro laboratório".

A secretária Claudia Mello, que assumiu a pasta sob as bençãos de Luizinho, de quem era subsecretária de Vigilância em Saúde, afirmou que não sabia dos laços entre a empresa e o ex-secretário.

— Eu não tinha conhecimento do prestador. Ele foi licitado pela Fundação Saúde e não há conhecimento meu disso — disse ela.

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