Israel ameaça atacar o movimento libanês Hezbollah com força total
Pelo menos 25 pessoas morreram em bombardeios israelenses no Líbano nesta segunda-feira
Israel alertou nesta segunda-feira (30) que usará todas as suas forças para continuar atacando o Hezbollah após ter matado seu líder, enquanto o movimento pró-iraniano afirmou estar preparado para enfrentar uma possível ofensiva terrestre no Líbano.
Após o devastador golpe ao Hezbollah, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu o Irã —seu arqui-inimigo e grande aliado do partido libanês— que "não há lugar no Oriente Médio ao qual Israel não possa chegar".
Pelo menos 25 pessoas morreram em bombardeios israelenses no Líbano nesta segunda-feira, incluindo três membros de um grupo palestino, o líder do Hamas no Líbano e um soldado libanês, segundo várias fontes. O Hezbollah, por sua vez, disparou foguetes em direção ao norte de Israel.
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Israel, que deslocou reforços para sua fronteira norte com o Líbano, prometeu combater seus "inimigos" e "eliminá-los" onde quer que estejam.
Na sexta-feira, um bombardeio nos subúrbios do sul de Beirute, reduto do Hezbollah, matou o líder do grupo, Hassan Nasrallah. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que a morte de Nasrallah é "um passo importante", mas não é o "final".
"Para garantir o retorno das comunidades do norte de Israel, utilizaremos todas as nossas capacidades", declarou Gallant durante uma visita a soldados destacados na fronteira entre Israel e Líbano.
"O mais rápido possível"
Em um discurso televisionado, o número dois do movimento islamista libanês, Naim Qasem, afirmou que o grupo escolherá "o mais rápido possível" o sucessor de Nasrallah.
O dirigente indicou que Nasrallah, considerado o homem mais poderoso do país, faleceu junto a outras quatro pessoas, incluindo um general da Guarda Revolucionária do Irã, e não junto a cerca de 20 de membros da formação, como alegou Israel.
Qasem assegurou que "estamos prontos se os israelenses decidirem entrar em nosso território, nossas forças de resistência estão preparadas para uma confrontação terrestre" e prometeu continuar lutando "em apoio a Gaza", onde o Exército israelense realiza uma ofensiva desde 7 de outubro de 2023 em resposta ao ataque do Hamas.
Em Washington, o presidente Joe Biden deu a entender que se opõe às operações terrestres israelenses no Líbano e pediu um cessar-fogo "agora".
Presente em Beirute, o chanceler francês, Jean-Noël Barrot, também pediu a Israel que se "abstenha de qualquer incursão terrestre" no Líbano e que "cessem os ataques". Barrot também pediu ao Hezbollah que pare de disparar contra o norte de Israel.
O Hezbollah abriu uma frente na fronteira com Israel há quase um ano, após o início da guerra na Faixa de Gaza, em apoio ao seu aliado islamista Hamas, que governa o território palestino.
Desde meados de setembro, Israel deslocou a maior parte de suas operações militares para o norte, com o objetivo de interromper os disparos de foguetes do Hezbollah e permitir que milhares de habitantes do norte de Israel que fugiram dos disparos retornem ao seus lares.
Irã descarta enviar combatentes
Por sua vez, o Irã, aliado chave do Hezbollah e do Hamas, descartou enviar combatentes ao Líbano e à Faixa de Gaza para enfrentar seu arqui-inimigo Israel.
"Não é necessário enviar forças auxiliares ou voluntárias" iranianas, declarou o porta-voz da diplomacia, Naser Kanani, acrescentando que o Líbano e os combatentes nos territórios palestinos "têm a capacidade e o poder necessários para enfrentar a agressão do regime sionista".
Desde a onda de explosões de bombas de gás e walkie-talkies do Hezbollah no Líbano, atribuídas a Israel, e a intensificação dos bombardeios israelenses que se seguiram, mais de 1.000 pessoas morreram no Líbano, segundo o Ministério da Saúde libanês.
Além disso, segundo o primeiro-ministro libanês, Nayib Mikati, há cerca de um milhão de deslocados, o que representaria o maior deslocamento populacional da história do país.
O Hamas anunciou nesta segunda-feira que seu líder no Líbano, Fatah Sharif Abu al Amin, morreu em um bombardeio no sul do país. O Exército israelense confirmou a informação.
Pela primeira vez desde 8 de outubro, Israel bombardeou o centro de Beirute, destruindo o andar de um edifício.
Segundo o Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), três de seus membros morreram nesse ataque. Israel afirma que matou dois comandantes do grupo, considerado "terrorista" tanto pelos israelenses quanto pela UE.
Mohamed al Hos, morador da área, acordou com um "barulho enorme" e saiu correndo para a rua. "As pessoas gritavam e era possível ver a poeira levantando do edifício", disse o homem de 41 anos.
No território palestino, bombardeado sem trégua há quase um ano em resposta ao ataque de 7 de outubro, o número de ataques aéreos israelenses diminuiu consideravelmente nos últimos dias, segundo jornalistas da AFP, que relataram três ou quatro ataques na noite de domingo.