Israel amplia operações terrestres em Gaza e aumenta o temor por hospitais
O Exército israelense anunciou que bombardeou mais de 600 alvos nas últimas 24 horas
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Israel ampliou as operações terrestres na Faixa de Gaza nesta segunda-feira (30) e dezenas de tanques efetuaram uma breve incursão na periferia da maior cidade deste território palestino, segundo testemunhas, enquanto as tropas israelenses intensificam a guerra contra o movimento palestino Hamas.
O Exército de Israel intensificou os bombardeios e as ações terrestres mais de três semanas após o início do conflito, desencadeado pelo ataque violento de combatentes do grupo islamista palestino Hamas, que invadiram o território israelense em 7 de outubro e mataram 1.400 pessoas, a maioria civis, segundo as autoridades do país. Entre as vítimas estão mais de 300 militares.
Depois que Israel anunciou uma" nova fase" da guerra, aumenta a preocupação com os quase 2,4 milhões de civis palestinos que vivem na Faixa de Gaza, um território sob "cerco total" desde 9 de outubro.
No ataque dentro do território israelense, os milicianos do Hamas tomaram 239 reféns, segundo o balanço atualizado das autoridades israelenses.
Os bombardeios de represália de Israel deixaram mais de 8.300 mortos em Gaza, incluindo 3.457 crianças, segundo o Ministério da Saúda do território, governado pelo Hamas desde 2007.
Nesta segunda-feira, "dezenas" de tanques israelenses efetuaram uma breve incursão na área do distrito de Zeitoun, na periferia da cidade de Gaza, afirmaram testemunhas.
"Bloquearam a estrada de Saladino e atiram contra qualquer veículo", declarou uma testemunha à AFP.
Os correspondentes da AFP não estão dentro da cidade de Gaza, depois que Israel alertou que o norte do território é considerado uma zona de guerra.
O Exército israelense anunciou que bombardeou mais de 600 alvos nas últimas 24 horas e afirmou que seus soldados mataram "dezenas" de combatentes em confrontos durante a noite na Faixa de Gaza.
O chão tremeu
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou no sábado que guerra será "longa e difícil".
A ONU calcula que quase 1,4 milhão de pessoas estão deslocadas dentro da Faixa de Gaza.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) informou no fim de semana que milhares de pessoas saquearam vários de seus centros de abrigo em busca de farinha ou produtos de higiene.
A ONU indicou que os 10 hospitais do norte de Gaza receberam advertências de evacuação de Israel, apesar da internação de milhares de pacientes e da presença de 117.000 refugiados buscaram proteção contra os bombardeios.
Entre os pacientes há pessoas na UTI, bebês e idosos conectados a sistemas de suporte vital.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que o alerta de evacuação do hospital de Al Quds, na cidade de Gaza, é "muito preocupante".
"É impossível evacuar hospitais loados de pacientes sem colocar suas vidas em risco", afirmou o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Mohamed al Talmas disse que está refugiado no hospital de Al Shifa em Gaza e relatou que "o chão tremeu" com os bombardeios intensos.
Punição coletiva
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou que a situação é "cada vez mais desesperadora" na Faixa de Gaza e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos expressou preocupação com a "punição coletiva" infligida aos palestinos.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, insistiu em uma ligação ao primeiro-ministro israelense que o país tem o direito de autodefesa, mas que deve fazer isto respeitando o "direito internacional humanitário que prioriza a proteção dos civis".
O procurador do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, advertiu no domingo que "impedir a chegada de ajuda (a Gaza) pode constituir um crime".
Gaza recebeu no domingo 33 caminhões de ajuda com água, alimentos e produtos médicos, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA)
Preocupação com os reféns
Em Israel, as atenções estão voltadas para o destino dos reféns. Até o momento, os islamistas palestinos libertaram quatro mulheres, mas afirmaram que quase 50 sequestrados morreram nos bombardeios israelenses, uma alegação impossível de verificar com fontes independentes.
"Pedimos que não se tome nenhuma ação que possa colocar em perigo o destino de nossos familiares", disse Meirav Leshem Gonen, mãe da refém Romi Gonen.
As operações terrestres de Israel aumentaram os receios de que o conflito afete outros países da região e os confrontos com o grupo Hezbollah são intensos na fronteira com o Líbano. A violência também aumenta na Cisjordânia ocupada, onde a Autoridade Palestina registrou 120 mortes desde 7 de outubro.
Em Jerusalém, um palestino que esfaqueou um policial israelense foi morto a tiros pelas forças de segurança.