Israel confirma que líder do Hamas foi morto dentro de hospital no sul de Gaza
Fontes palestinas dizem que Ismail Barhoum recebia tratamento após ter se ferido em um bombardeio contra sua casa, enquanto militares dizem que ele 'trabalhava' no hospital
O Exército de Israel confirmou nesta segunda-feira ter matado o integrante do gabinete político do Hamas Ismail Barhoum durante o ataque que atingiu o Hospital Nasser, em Khan Younis, no domingo, em meio à retomada da ofensiva israelense contra o sul do território palestino.
Os militares dizem que Barhoum trabalhava no hospital no momento em que foi morto, enquanto fontes palestinas indicam que ele recebia tratamento médico depois de ter sobrevivido a um bombardeio contra sua casa na terça-feira.
O Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, afirma que 730 pessoas foram mortas no enclave desde o retorno dos bombardeios na semana passada.
A morte de Barhoum reacendeu a discussão sobre a legitimidade das ações militares de Israel contra a infraestrutura de saúde em Gaza — algo que se arrasta desde os primeiros meses de guerra, com os israelenses alegando que o Hamas utiliza os locais para fins de terrorismo, enquanto o grupo palestino denuncia os ataques como uma violação flagrante de princípios básicos do direito internacional e humanitário.
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Em um comunicado oficial emitido pelo Exército israelense, as autoridades indicam que a liderança política seria o substituto do ex-premier de Gaza, Issam al-Daalis, morto em um ataque anterior na semana passada, descrevendo-o como o "responsável por administrar as finanças da organização", incluindo o "direcionamento de fundos para a ala militar do Hamas".
"Barhoum foi morto enquanto trabalhava no Hospital Nasser. Este é outro exemplo de como o Hamas viola sistematicamente o direito internacional, assumindo a infraestrutura civil de uma forma que impede a reabilitação do público em Gaza, enquanto explora brutalmente a população como escudo humano para suas ações", afirmaram os militares.
Embora Israel tenha dito que foram usadas munições de precisão, a fim de diminuir o impacto do ataque contra o Hospital Nasser, autoridades de saúde palestinas afirmaram que cinco pessoas morreram e várias ficaram feridas, incluindo profissionais de saúde, por causa da explosão. A ala do hospital em que ele estava internado precisou ser esvaziada, com parte dela ficando destruída — vídeos gravados na noite de domingo mostram pessoas tentando apagar o fogo no local.
O ataque ao Hospital Nasser não foi o único desde a retomada dos combates. O Exército israelense abriu uma investigação nesta segunda-feira, noticiou o jornal Haaretz, sobre a demolição do Hospital Turco, no centro de Gaza, que parece ter acontecido sem a autorização do comando militar responsável por avaliar esse tipo de ação contra construções consideradas sensíveis. O hospital deixou de funcionar como uma unidade de saúde durante a guerra, mas continuava a ser considerada uma infraestrutura com proteção diferenciada. Ninguém morreu na demolição.
A guerra em Gaza deixou 50.082 mortos e 113.408 feridos desde o início, em 7 de outubro de 2023, de acordo com a contagem feita pelos órgãos de governo do Hamas, que Israel questiona regularmente.
Em um desdobramento desta segunda-feira, uma pessoa morreu e outra ficou ferida durante o primeiro ataque em território israelense desde a retomada da guerra.
Um agressor, que foi neutralizado no local por policiais, atacou um grupo de civis perto de um ponto de ônibus no norte de Israel, a cerca de 15 km de Haifa.
De acordo com o Magen David Adom (MDA), o equivalente israelense da Cruz Vermelha, foi um "ataque combinado envolvendo um aríete, uma faca e uma arma". Ainda de acordo com a fonte médica, o morto era um homem na faixa dos 70 anos, e o ferido, de cerca de 20 anos, está em "estado grave". (Com AFP)