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Conflito

Israel convoca embaixador na ONU e acusa organização de "silenciar" sobre denúncias de abuso sexual

No X, Israel Katz reclamou da "inação" de António Guterres antes da divulgação de um relatório especial da ONU sobre as alegações

Israel Katz, chanceler israelense, fala com a imprensa durante a Conferência de Segurança de Munique Israel Katz, chanceler israelense, fala com a imprensa durante a Conferência de Segurança de Munique  - Foto: Tobias Schwarz/AFP

O chanceler israelense, Israel Katz, anunciou nesta segunda-feira que convocou para consultas o embaixador do país na ONU, diante do que considerou ser uma “tentativa de silenciar” denúncias de abuso sexual cometidas pelo grupo terrorista Hamas durante e depois dos ataques de 7 de outubro do ano passado.

“Ordenei ao nosso embaixador na ONU, Gilad Erdan, que regressasse a Israel para consultas imediatas sobre a tentativa de silenciar o grave relatório da ONU sobre as violações em massa cometidas pelo Hamas e pelos seus aliados em 7 de outubro”, escreveu Katz no X, o antigo Twitter. “Apesar da autoridade que lhe foi concedida, o Secretário-Geral da ONU não ordenou a convocação do Conselho de Segurança face às conclusões, a fim de declarar o Hamas uma organização terrorista e impor sanções aos seus apoiantes.”

Katz se refere a um relatório que deve ser divulgado ainda nesta segunda-feira pela relatora especial da ONU sobre Violência Sexual em Conflitos, Pramila Patten, que analisou as denúncias contra o Hamas apresentadas pelo governo e por organizações de defesa dos direitos humanos de Israel.

A ONU não deu detalhes antecipados sobre o documento ao público, e tampouco comentou as alegações de Katz — no X, o chanceler israelense deu a entender que teve acesso ao texto, chamado por ele de documentação sobre “atos de estupros em massa e crimes sexuais sistemáticos”.

“Ainda não ouvimos uma palavra do secretário-geral da ONU. António Guterres, acorde”, escreveu Katz. “O Hamas deveria ser declarado uma organização terrorista, e os países que o apoiam como países que apoiam o terrorismo, e a UNRWA deveria ser retirada de Gaza, e a libertação dos sequestrados deveria ser realizada imediatamente.”

Episódio ressalta a relação cada vez mais tensa entre Israel e as Nações Unidas. No caso mais recente, os israelenses acusaram integrantes da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo, a UNRWA, de prestar assistência ao Hamas nos ataques de 7 de outubro de 2023.

A ONU lançou uma investigação independente e demitiu alguns dos citados (outros já morreram), mas a denúncia levou mais de uma dezena de países, incluindo os EUA, a suspenderem o financiamento à agência. Na sexta-feira, a União Europeia anunciou que iria desbloquear € 50 milhões (R$ 268,5 milhões) em verbas retidas desde o final de janeiro.

Em entrevista à editora Axel Springer, em janeiro, Katz disse que “Guterres deveria renunciar” ou a “ONU deveria substituí-lo”. Na conversa, ele acusou o secretário-geral de “ignorar” denúncias sobre supostas violações cometidas pelos funcionários da UNRWA em Gaza, e disse que a agência “não é parte da solução, é parte do problema”. No mês passsado, Katz protagonizou um embate com o governo brasileiro, após a comparação feita pelo presidente Lula entre a guerra em Gaza e o Holocausto na Segunda Guerra Mundial.

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