guerra no oriente médio

Israel dá sinal verde para retomada de negociação sobre libertação de reféns capturados pelo Hamas

Decisão foi tomada pelo Gabinete de Guerra após divulgação de vídeo com o momento da captura de mulheres soldados israelenses

Manifestantes cobram acordo para devolução de reféns em protesto em Tel AvivManifestantes cobram acordo para devolução de reféns em protesto em Tel Aviv - Foto: Jack Guez/AFP

O Gabinete de guerra de Israel deu luz verde, nesta quinta-feira (23), para a retomada das negociações sobre a libertação dos reféns capturados pelo Hamas e mantidos na Faixa de Gaza. A medida foi tomada após a divulgação de um vídeo, na quarta-feira (22), que mostra o momento da captura de mulheres soldados israelenses, no dia 7 de outubro.

A decisão de reabrir o processo de negociações foi tomada após uma reunião do Gabinete, formado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o ministro de guerra Yoav Gallant e o ex-general e líder político Benny Gantz, na noite de ontem — poucas horas após a divulgação do vídeo. De acordo com um funcionário israelense, a ordem é para que as equipes de negociadores retomem as conversas para garantir o retorno dos reféns.

O vídeo divulgado por familiares de cinco militares capturadas pelo Hamas provocou comoção, por mostrar o tratamento que as mulheres receberam no dia do sequestro e a condição em que elas foram levadas a Gaza. Nas imagens autorizadas, elas aparecem sentadas no chão, com as mãos amarradas nas costas, algumas com os rostos ensanguentados.

“Estas imagens mostram o tratamento violento, humilhante e traumatizante que estas mulheres sofreram no dia do seu sequestro”, afirmou o Fórum das Famílias de Reféns em um comunicado.

As negociações sobre um cessar-fogo em Gaza e a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos foram interrompidas no começo do mês, após um momento de grande expectativa de que pudessem progredir. Conversas mediadas por Catar, Egito e Estados Unidos pareciam prosperar, mas chegaram a um impassse após Hamas e Israel discordarem sobre pontos-chave, como a duração do cessar-fogo, retirada dos militares do território e retorno dos reféns.

Pouco depois, Israel lançou uma operação militar contra Rafah, cidade do extremo sul de Gaza, que mesmo aliados recomendavam ficar fora do raio de ações israelenses pela alta concentração civil, sobretudo de deslocados pela guerra. Os militares do país justificaram que a operação tinha escopo limitado e que não se tratava de uma invasão em larga escala. Estima-se que 800 mil pessoas tenham se retirado da região após a entrada das tropas terrestres.

Com as movimentações no solo, as tropas israelenses foram capazes de recuperar os corpos de quatro reféns — Shani Louk, de 23 anos, Amit Buskila, 28, e Itzhak Gelernter, 58, e Ron Benjamin, 53. Das 252 pessoas sequestradas pelo Hamas em 7 de outubro, Israel afirma que 124 permanecem em Gaza. Um relatório recente indica que mais de 1/5 deles estariam mortos.

A reabertura à saída diplomática chega em um momento de extrema pressão para Israel no cenário internacional. Dois dos membros do Gabinete de guerra, Netanyahu e Gallant, foram alvos de pedidos de mandado de prisão no Tribunal Penal Internacional por supostos crimes de guerra. Embora Israel não reconheça a jurisdição do TPI, os líderes israelenses poderiam ser presos se viajassem ao exterior após a emissão do mandado (se confirmada). Na quarta-feira, um porta-voz do governo alemão disse que Netanyahu seria preso se desembarcasse no país, caso houvesse mandado em aberto.

Além da pressão sobre suas lideranças, Israel enfrenta também desafios aos seus interesses estratégicos. Também na quarta-feira, três países europeus reconheceram a soberania do Estado da Palestina: Espanha, Irlanda e Noruega. A medida foi duramente criticada pelas autoridades do país, que vetam qualquer conversa sobre uma solução de dois Estados neste momento, por considerar que seria visto como uma premiação ao atentado terrorista do Hamas.

No dia seguinte, nesta quinta-feira, o diretor-geral do Ministério das Relações Exteriores de Israel alertou em um comunicado que a decisão terá "graves consequências" em suas relações com esses países europeus.

Operação militar
Em Gaza, a ofensiva militar de Israel continua. Durante a noite, bombardeios e tiros de artilharia foram ouvidos por todo o enclave palestino. A Defesa Civil de Gaza anunciou que 26 pessoas, incluindo 15 menores de idade, morreram na Cidade de Gaza, no norte do território palestino, em dois bombardeios aéreos israelenses antes do amanhecer.

Em Jabalia, também no norte, o Exército israelense informou que "atingiu vários terroristas do Hamas em bombardeios contra infraestruturas militares utilizadas para armazenar armas". Em Nuseirat, no centro do território palestino, moradores examinavam os escombros de uma casa destruída por um bombardeio israelense. 

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