Israel devolve dezenas de corpos palestinos exumados, afirmam funcionários palestinos
Corpos foram enterrados em vala comum no sul da Faixa de Gaza
Dezenas de corpos foram enterrados nesta terça-feira (30) em uma vala comum em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, depois que Israel restituiu os corpos de palestinos exumados, informaram autoridades palestinas.
De acordo com uma fonte do Ministério de Assuntos Religiosos de Gaza, os corpos haviam sido "roubados" do cemitério de Beni Suheila, a leste de Khan Yunis, no sul do território palestino, há duas semanas.
O Exército israelense não respondeu às perguntas da AFP, mas anteriormente havia informado que os corpos foram exumados no contexto das operações de busca por reféns israelenses sequestrados por comandos do Hamas em seu ataque de 7 de outubro no sul de Israel, e que teriam morrido no mesmo dia ou nos dias seguintes.
Um fotógrafo da AFP viu nesta terça-feira vários moradores retirando os corpos de um caminhão, envoltos em sacos plásticos azuis, para levá-los a uma vala comum.
O sepultamento foi realizado por funcionários do Ministério de Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Eles o fizeram perto de tendas onde vivem pessoas deslocadas pela guerra entre Israel e o movimento islamista palestino.
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As Forças Armadas israelenses explicaram que as exumações foram feitas nos locais onde "poderiam ser encontrados corpos de reféns" e afirmaram que "os corpos que não são de reféns são entregues com dignidade e respeito".
De acordo com o Ministério de Assuntos Religiosos de Gaza, pelo menos 2.000 túmulos foram abertos ou destruídos no território palestino.
O Hamas também acusou Israel de extrair órgãos dos cadáveres, acusações que o Exército israelense classificou como "infundadas" na terça-feira.
No final de 2023, repórteres da AFP testemunharam o enterro de vários corpos que, segundo líderes de Gaza, haviam sido exumados pelas forças israelenses.
A guerra entre o Hamas e Israel na Faixa de Gaza começou em 7 de outubro com a incursão de comandos islamistas que mataram cerca de 1.140 pessoas, principalmente civis, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais israelenses.
Os militantes também capturaram cerca de 250 pessoas naquele dia, das quais 132 ainda estão detidas em Gaza, incluindo 28 que se acredita terem falecido, segundo Israel.
Em resposta ao ataque, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ampla operação militar em Gaza, que causou pelo menos 26.751 mortes, principalmente mulheres e menores, segundo o último balanço do Ministério de Saúde governado pelo Hamas.