Israel e Hamas se acusam de sabotar negociações de trégua em Gaza
Nas últimas 24 horas, 43 pessoas morreram em Gaza
Israel e o movimento islamista palestino Hamas acusam-se mutuamente de tentarem sabotar as negociações indiretas de trégua na Faixa de Gaza, embora estas não tenham sido rompidas, pelo menos por enquanto.
O Hamas anunciou, no sábado (13), que deu sua resposta à última proposta dos mediadores, no momento em que o Irã lançou um ataque sem precedentes com centenas de drones e mísseis contra Israel.
Sem rejeitar abertamente essa proposta, o Hamas, no poder em Gaza, reafirmou suas principais exigências, às quais Israel se opõe categoricamente: um cessar-fogo permanente e a retirada do Exército israelense do território palestino.
Nas últimas 24 horas, 43 pessoas morreram em Gaza, segundo um relatório divulgado neste domingo (14) pelo Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas e devastado por seis meses de guerra.
O ministério afirma que houve 33.729 mortes desde o início da ofensiva israelense, lançada em resposta ao sangrento ataque do movimento islamista em Israel em 7 de outubro.
Naquele dia, os combatentes do Hamas mataram cerca de 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados israelenses. Eles também sequestraram cerca de 250 pessoas.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou o Hamas no sábado de ser "o único obstáculo" a um acordo que "permita a libertação dos reféns" detidos em Gaza e reiterou a sua "oposição a essas exigências infundadas" do movimento islamista.
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Tensões com o Irã
O serviço de Inteligência israelense divulgou, neste domingo, um comunicado do gabinete de Netanyahu afirmando que o Hamas "rejeitou as linhas gerais" do plano do Cairo, negociado por Catar, Egito e Estados Unidos.
O texto aponta que a rejeição mostra que o chefe do Hamas na Faixa de Gaza, Yahya Sinuar, "não quer um acordo humanitário nem o retorno dos reféns".
Sinuar "continua usando as tensões com o Irã" com o objetivo de "conseguir uma escalada na região", acrescenta o comunicado, referindo-se ao ataque iraniano, lançado em retaliação ao bombardeio ao consulado da República Islâmica em Damasco, na Síria, no início de abril, que Teerã atribuiu a Israel.
Embora as posições de ambos os campos pareçam muito distantes, "as negociações não estão paralisadas", disse à AFP Hasni Abidi, do Centro de Estudos e Pesquisa sobre o Mundo Árabe e Mediterrâneo, em Genebra.
Netanyahu sob pressão
O plano apresentado no Cairo prevê uma trégua de seis semanas, a troca de cerca de 40 reféns israelenses por centenas de presos palestinos, o aumento da ajuda humanitária a Gaza e o retorno dos habitantes do norte do território palestino deslocados pela guerra, segundo uma fonte do Hamas.
Eventualmente, todos os reféns seriam libertados, assim como um número indeterminado de presos palestinos. O Exército abandonaria completamente Gaza e levantaria o cerco imposto ao território desde que o Hamas assumiu o poder em 2007.
Todas as tentativas de negociar o fim das hostilidades falharam. No entanto, no final de novembro, uma trégua de sete dias permitiu a libertação de 80 reféns israelenses (e outros 25 fora do âmbito do acordo) em troca de 240 presos palestinos.
Netanyahu retirou recentemente a maior parte das tropas israelenses da Faixa de Gaza após seis meses de guerra, deixando apenas uma brigada, enquanto continua realizando ataques aéreos.
O primeiro-ministro diz estar determinado a lançar uma ofensiva em Rafah, cidade no extremo sul de Gaza que considera o último reduto do Hamas no território.
Mas os Estados Unidos, que temem um número de mortos muito alto devido ao fato de 1,5 milhão de habitantes de Gaza estarem amontoados nessa cidade, tentam dissuadi-lo.
Netanyahu também enfrenta pressão crescente em Israel por parte da opinião pública e das famílias dos 129 reféns ainda mantidos em cativeiro em Gaza, dos quais 34 teriam morrido, segundo as autoridades israelenses.