Israel e Hezbollah intensificam ataques após fracasso de proposta de trégua
Desde segunda-feira, mais de 700 pessoas morreram no Líbano nos bombardeios israelenses contra o movimento islamista libanês
Israel efetuou nesta sexta-feira (27) dezenas de bombardeios no Líbano contra o Hezbollah, que lançou foguetes contra o território israelense, após o fracasso da proposta de trégua apresentada pelos Estados Unidos e sus aliados ocidentais.
Desde segunda-feira, mais de 700 pessoas morreram no Líbano nos bombardeios israelenses contra o movimento islamista libanês, apoiado pelo Irã e aliado do palestino Hamas, segundo o Ministério da Saúde libanês.
Diante do cenário, Estados Unidos, França, União Europeia (UE) e vários países árabes fizeram um apelo por um cessar-fogo de 21 dias, uma proposta rejeitada pelas autoridades israelenses, que insistiram que o país lutará contra o Hezbollah "até a vitória".
As atenções estão voltadas para o discurso do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na Assembleia Geral da ONU nesta sexta-feira.
Nos últimos cinco dias, a Força Aérea israelense bombardeou os redutos do Hezbollah em todo país, ações que obrigaram quase 120 mil pessoas a abandonar suas casas, segundo a ONU.
Segundo a Agência Nacional de Notícias, um meio de comunicação oficial libanês, o Exército israelense intensificou os bombardeios durante a noite e matou nove integrantes de uma família no sul do país.
Horas depois, o Hezbollah anunciou que lançou foguetes contra a área de Tiberíades, no norte de Israel. O movimento pró-Irã afirmou que a ação foi uma resposta aos bombardeios "selvagens" de Israel contra as localidades e os civis libaneses.
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"As pessoas estão cansadas"
O Hezbollah abriu uma frente contra Israel em solidariedade ao movimento islamista palestino Hamas, alvo de uma ofensiva israelense na Faixa de Gaza desde o ataque de seus combatentes no sul de Israel, em 7 de outubro.
Na semana passada, Israel anunciou que o "centro de gravidade" da guerra contra o Hamas estava se deslocando para a fronteira com o Líbano.
A meta, afirmou, é garantir o retorno de dezenas de milhares de moradores do norte de Israel, deslocados pelos ataques do Hezbollah, para suas residências.
Em quase um ano de violência, mais de 1.500 pessoas morreram no Líbano, segundo o departamento nacional de catástrofes.
O balanço supera o da guerra de 2006 entre Israel e o Hezbollah, que deixou 1.200 mortos no Líbano, a maioria civis, e quase 160 em Israel, a maioria soldados.
"Tudo desaba ao nosso redor", comentou o empresário libanês Anis Rubeiz, 55 anos. "As pessoas estão cansadas mentalmente... não vejo (nenhuma esperança) no horizonte... nem mesmo um raio de luz".
Na quarta-feira, Estados Unidos, França, UE e vários países árabes pediram um cessar-fogo de 21 dias no Líbano, à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York, mas o governo israelense ignorou o apelo. O ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, afirmou que o país continuará lutando contra o Hezbollah "até a vitória".
O Ministério da Defesa de Israel anunciou que obteve um novo pacote de ajuda militar dos Estados Unidos, de 8,7 bilhões de dólares (47 bilhões de reais), "em apoio ao esforço militar" do país.
Temor de guerra total
Os confrontos no Líbano aumentaram os temores de uma propagação da guerra por todo Oriente Médio, em particular depois que grupos regionais apoiados pelo Irã prometeram prosseguir com a luta contra Israel.
Mas, apesar dos esforços de mediação nos últimos meses, um cessar-fogo em Gaza parece cada vez mais difícil.
O conflito entre o Exército israelense e o Hamas na Faixa de Gaza começou com o ataque do Hamas em 7 de outubro, que deixou 1.205 mortos em Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses que inclui reféns que morreram ou foram assassinados em cativeiro em Gaza.
Das 251 pessoas sequestradas, 97 permanecem em Gaza, 33 das quais foram declaradas mortas pelo Exército.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já deixou 41.534 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.