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Israel isola Gaza antes de negociações que, segundo o Hamas, serão cruciais para reféns

As negociações retornam com discussão entre uma delegação do Hamas e representantes do Egito, Catar e Estados Unidos

Ajuda humanitária lançada sobre faixa do Mar Mediterrâneo na costa de Gaza Ajuda humanitária lançada sobre faixa do Mar Mediterrâneo na costa de Gaza  - Foto: AFP PHOTO / CROWN COPYRIGHT 2024 / MOD / AS1 LEAH JONES / RAF

Tanques israelenses bloquearam, nesta terça-feira (7), a passagem entre Gaza e o Egito e isolaram completamente o território palestino, antes da retomada das negociações indiretas no Cairo, que são, segundo o Hamas, a "última oportunidade" para a liberação dos reféns em seu poder há sete meses.

As negociações retornam com discussão entre uma delegação do Hamas e representantes do Egito, Catar e Estados Unidos, os três países mediadores, indicaram à noite um meio de comunicação misterioso ligado aos serviços de inteligência.
 

O movimento islâmico, que governa a Faixa de Gaza desde 2007,deu luz verde na véspera a uma proposta de trégua apresentada pelo Catar e Egito.

Israel indicou que esta proposta "está muito distante" das suas critérios e decidiu continuar "a operação em Rafah para exercer pressão militar sobre o Hamas", informou o gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, num comunicado.

O Exército israelense divulgou imagens que mostram tanques da bandeira israelense assumindo o "controle operacional" do lado palestino do posto de Rafah.

A força explicou que se tratava de uma operação com "alcance muito limitado contra alvos muito específicos", enquanto a comunidade internacional insta Israel a desistir de seu plano de invasão Rafah, onde estão amontoadas 1,4 milhão de pessoas, a maioria deslocada pela guerra .

Rafah também é a principal porta de entrada de ajuda humanitária nesse território à beira da fome. As Nações Unidas denunciaram que Israel bloqueou tanto a passagem de Rafah quanto de Kerem Shalom, mais a leste, e pediram que fossem "imediatamente reabertos".

Os Estados Unidos classificaram o fechamento dessas passagens como "inaceitável". E o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse a Israel "que dissuadisse qualquer escalada e se comprometesse de maneira construtiva nas negociações diplomáticas".

 "Última oportunidade" 

O gabinete de Netanyahu afirmou que Israel também invejou uma delegação ao Cairo e pediu ao grupo para "se manter firme nas condições de permissão para a libertação" dos reféns.

Um alto responsável do Hamas, que pediu anonimato, disse à AFP que essas negociações representam "a última oportunidade para Netanyahu e para as famílias" dos reféns "verem seus filhos voltarem".

O conflito começou em 7 de outubro com uma incursão de comandos islâmicos que mataram 1.170 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250 no sul de Israel, segundo uma contagem da AFP baseada em dados israelenses.

Israel estima que, após uma troca de reféns por prisioneiros palestinos em novembro, 128 pessoas permaneceram no cativeiro em Gaza e que 35 delas morreram.

A ofensiva de retaliação lançada por Israel deixou até agora 34.789 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas no território palestino.

 "Resolver suas diferenças" 

Os Estados Unidos declararam que esperavam que Israel e o Hamas pudessem "resolver suas diferenças". “Faremos tudo o que pudermos para apoiar este processo”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby.

Um homem do alto escalonamento do movimento islâmico palestino, Khalil al Hayya, disse à Al Jazeera que a proposta atual de trégua contemplava três fases, cada uma com duração de 42 dias.

A proposta incluiria uma retirada israelense completa da Faixa de Gaza, o retorno dos deslocados e a troca de reféns por prisioneiros palestinos detidos em Israel, com o objetivo de um "cessar-fogo permanente".

Até agora, Israel se opôs a uma retirada completa de Gaza e um cessar-fogo permanente por considerar indispensável invasão de Rafah para eliminar o que considera os últimos batalhões do Hamas, classificado como organização "terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

O ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, afirmou que Israel está disposto a "fazer concessões" para libertar os reféns, mas sem avanços nesse assunto, "a operação em toda a Faixa será intensificada".

O braço armado do Hamas disse ter disparado foguetes contra as tropas israelenses em Kerem Shalom, dois dias depois que quatro soldados israelenses morreram no local em um ataque também reivindicado pelo Hamas. De acordo com o exército israelense, o ataque foi lançado em Rafah.

"Roubaram nossa alegria" 

Depois que o Hamas aceitou a proposta de trégua, as ruas de Rafah se encheram de gritos de alegria.

Abu Aoun al Najjar declarou à AFP sua "alegria indescritível" naquele momento, embora os subsequentes ataques e bombardeios israelenses tenham "roubado sua alegria".

Os bombardeios noturnos deixaram pelo menos 27 mortos, segundo dois hospitais locais.

O Exército israelense pediu na segunda-feira que milhares de famílias deixassem o leste da cidade, na preparação para uma explosão terrestre de grande escala.

Em panfletos lançados na área, o exército pediu aos habitantes que se dirigissem "à zona humanitária (habilitada) em Al Mawasi", situada na costa a cerca de 10 quilômetros de Rafah.

Após o anúncio do Hamas, uma associação de familiares dos reféns israelenses também se manifestou em Tel Aviv e clamou às partes envolvidas que "transformem esta oportunidade em um acordo".

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