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CONFLITO NO ORIENTE MÉDIO

Israel libera entrada de ajuda em Gaza diante de pressão para proteger civis

A entrada de ajuda humanitária será pelo ponto de passagem em Kerem Shalom, para descongestionar Rafah

Caminhões de ajuda humanitária para a Faixa de GazaCaminhões de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza - Foto: Eyad Baba/AFP

Israel autorizou a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza por uma das passagens da fronteira, diante da pressão da comunidade internacional e, sobretudo, de seu aliado Estados Unidos, que pede que reduza a intensidade dos ataques e proteja os civis.

A mesma fonte reportou "dezenas de mortos e feridos" em bombardeios em Khan Yunis, no sul de Gaza. Na mesma cidade, o Hamas afirmou que explodiu uma casa onde havia soldados israelenses.

A cidade vizinha de Rafah também foi atacada. "Estávamos dormindo em nossa casa e, de repente, houve um ataque", contou à AFP o sobrevivente Bakr Abu Hajjaj.

Vários foguetes foram interceptados pela defesa antiaérea israelense sobre Jerusalém.

Diante da pressão pela proteção dos civis, Israel anunciou que permitirá "temporariamente" a entrada de ajuda humanitária em Gaza por um de seus pontos de passagem, em Kerem Shalom, para descongestionar Rafah.

"Mais que vários meses" 
O ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, alertou nesta quinta que a guerra vai durar "mais que vários meses, mas venceremos e destruiremos" o Hamas.

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, começam a demonstrar impaciência ante o alto número de mortes de civis em Gaza.

"Quero que [os israelenses] se concentrem em como salvar vidas civis. Não que deixem de perseguir o Hamas, mas que tenham mais cuidado", declarou o presidente americano, Joe Biden.

Washington deseja que a ofensiva passe a "operações de baixa intensidade" em "um futuro próximo", segundo a Casa Branca.

Ao fim da guerra, não seria "correto" que Israel ocupasse a Faixa de Gaza a longo prazo, estimou nesta sexta-feira o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, em visita a Israel.

Em Ramallah, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, declarou nesta sexta-feira que qualquer tentativa de "separar" e "isolar" a Faixa de Gaza do Estado palestino seria "inaceitável".

A guerra multiplicou as incursões do Exército israelense na Cisjordânia, onde morreram mais de 280 palestinos desde seu início.

Tanto a União Europeia como Austrália, Canadá, Noruega, Reino Unido e Suíça condenaram a "violência cometida pelos colonos extremistas, que aterrorizam as comunidades palestinas".

E, em Jerusalém Oriental, um jornalista da agência turca Anadolu foi violentamente atacado pela polícia israelense enquanto tentava tirar fotos de palestinos rezando. Um porta-voz da polícia indicou que os agentes foram suspensos.

"Mais batalhas" 
"Haverá mais batalhas difíceis nos próximos dias", advertiu o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari.

Esta operação permitiu a Israel tomar o controle de várias regiões ao norte, antes de se estender para todo o território.

Nesta sexta, o Exército israelense afirmou que, no total, 119 soldados morreram em Gaza desde o início da ofensiva terrestre em 27 de outubro.

Cerca de 240 pessoas foram sequestradas pelo Hamas no dia do ataque contra Israel. Desse total, 105 foram liberadas durante uma breve trégua de sete dias que expirou em 1º de dezembro.

O Exército israelense anunciou nesta sexta-feira que recuperou os corpos de três reféns na Faixa de Gaza, incluindo dois soldados de 19 anos, Nik Beizer e Ron Sherman, além do refém franco-israelense Elya Toledano. Segundo esta fonte, ainda há 132 reféns nas mãos do movimento islamista e grupos afiliados.

"Desesperados" 
A guerra mergulhou a Faixa de Gaza em uma grave crise humanitária, e 1,9 milhão de habitantes (cerca de 85% de sua população) foram deslocados, segundo a ONU. Muitos deles tiverem de fugir várias vezes, à medida que os combates foram encrudescendo.

A ONU advertiu sobre um "colapso da ordem civil" em Gaza e afirmou que a fome e o desespero estavam levando os habitantes a se apropriarem da ajuda humanitária, que chega de forma limitada.

"Não temos comida, nem água, nem abrigo. Tudo está escasso em Gaza", disse desesperado um habitante do campo de Jabaliya (norte) que preferiu não revelar seu nome.

A guerra avivou as tensões na fronteira israelense-libanesa e também no Mar Vermelho, onde os rebeldes huthis do Iêmen - aliados do Hamas - reivindicaram nesta sexta-feira dois ataques contra navios que seguiam para Israel.

A companhia de navegação Maersk anunciou a suspensão das rotas através do estreito de Bab el Mandeb no Mar Vermelho até novo aviso, após um de seus navios ser atacado na quinta-feira.

A guerra entre Israel e Hamas começou em 7 de outubro, após o ataque sem precedentes dos combatentes do grupo islamista palestino em solo israelense, no qual morreram cerca de 1.200 pessoas, de acordo com as autoridades.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, no poder em Gaza desde 2007 e considerada organização terrorista por Estados Unidos, União Europeia e Israel. Mais de 18.700 pessoas morreram na ofensiva israelense no território palestino, segundo o Ministério da Saúde do movimento islamista.

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