GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Israel mantém bombardeios em Gaza e EUA pressiona por trégua

Os Estados Unidos apresentaram a proposta como uma iniciativa israelense, mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, cujo governo inclui membros da extrema direita que se opõem fortemente ao acordo

Homem palestino caminha sobre os escombros de edifícios destruídos após uma operação das Forças Especiais Israelenses no campo de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza.Homem palestino caminha sobre os escombros de edifícios destruídos após uma operação das Forças Especiais Israelenses no campo de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza. - Foto: Eyad Baba/AFP

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou nesta quarta-feira (12) que ainda é possível alcançar uma trégua e um acordo de libertação dos reféns para encerrar o conflito entre Hamas e Israel na Faixa de Gaza.

Já o movimento xiita libanês Hezbollah, aliado do Hamas, lançou uma série de projéteis contra o norte de Israel, um dia após um ataque israelense matar um de seus líderes.

Em meio a seu giro pelo Oriente Médio, Blinken está agora no Catar, um dos mediadores do conflito junto com Estados Unidos e Egito, que estão atualmente examinando a resposta do Hamas ao plano para um cessar-fogo em Gaza.

Entre as reivindicações do movimento islamista palestino, "algumas mudanças são realizáveis, outras não", declarou o secretário de Estado americano.

Osama Hamdan, alto dirigente do movimento islamista, disse à AFP que as emendas propostas exigem "um cessar-fogo permanente e a retirada completa" das tropas israelenses de Gaza, requisitos que Israel rejeita.

O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, indicou que "várias" exigências do Hamas são "menores e não inesperadas", enquanto "outras diferem mais substancialmente do que foi delineado na resolução do Conselho de Segurança da ONU".

O plano, anunciado por Biden a apoiado pelo Conselho de Segurança da ONU e por países árabes, contempla, em uma primeira fase, um cessar-fogo de seis semanas, a troca de reféns por prisioneiros palestinos, a retirada do Exército israelense das áreas povoadas de Gaza e a entrada de ajuda humanitária.

Os Estados Unidos apresentaram a proposta como uma iniciativa israelense, mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, cujo governo inclui membros da extrema direita que se opõem fortemente ao acordo, ainda não a apoiou formalmente.

O gabinete de Netanyahu informou que convocaria "uma avaliação de segurança" hoje, "à luz dos acontecimentos no norte e da resposta negativa do Hamas sobre a libertação dos reféns".

Bombardeios e confrontos
Por sua vez, o Hamas pediu aos Estados Unidos que pressionem Israel a alcançar um acordo de trégua.

"Pedimos ao Sr. Blinken e à administração Biden que pressionem diretamente Israel", disse o Hamas em comunicado divulgado na madrugada desta quinta-feira (13, noite de quarta em Brasília).

A guerra em Gaza, que já entrou em seu nono mês, também provocou um aumento das tensões na fronteira de Israel com o Líbano.

O Exército israelense anunciou que cerca de 150 foguetes foram lançados do Líbano em direção a Israel na manhã desta quarta-feira, depois que um bombardeio israelense matou um comandante do Hezbollah na véspera no sul libanês.

Alguns projéteis foram derrubados e outros atingiram Israel, provocando incêndios, indicou a mesma fonte, que não relatou vítimas.

O Hezbollah também reivindicou mais de outros dez ataques contra o Exército israelense, um deles com drones.

O comandante do comitê executivo do grupo, Hashem Safieddin, afirmou que o movimento vai "aumentar as operações em intensidade, potência, número e qualidade".

Blinken disse que "a melhor maneira" de resolver os frequentes confrontos entre o Hezbollah e o Exército israelense é "resolver o conflito em Gaza e alcançar um cessar-fogo".

A guerra estourou em 7 de outubro, quando combatentes islamistas mataram 1.194 pessoas e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço baseado em dados oficiais israelenses. O Exército israelense estima que 116 reféns ainda estão detidos em Gaza, dos quais 41 estariam mortos.

A operação lançada por Israel contra Gaza deixou 37.202 mortos, de acordo com o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas.

Crimes contra a humanidade
O Fórum de Famílias de Reféns pediu que Israel envie negociadores o quanto antes, advertindo que "qualquer atraso pode ameaçar a possibilidade de se alcançar um acordo".

Alguns moradores de Gaza pediram ao Hamas que faça mais para garantir um acordo.

"O Hamas não vê que estamos cansados, mortos, destruídos", declarou à AFP um homem em Gaza, que se identificou como Abu Shaker. "O que estão esperando?", acrescentou. "A guerra deve terminar custe o que custar."

As forças israelenses mantêm suas operações na Faixa, onde uma testemunha declarou que estavam acontecendo "bombardeios aéreos e de artilharia" em Rafah.

Um menino morreu no bombardeio de sua casa nesta cidade do sul do território, relatou um médico do ho

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