Israel pressiona por sanções contra programa nuclear iraniano enquanto avalia tom da reposta militar
Tentando capitalizar apoio de países frente à operação iraniana, Chancelaria israelense insta ainda a declaração da Guarda Revolucionária da República Islâmica como 'terroristas'
Em meio às sucessivas reuniões do Gabinete de guerra e ponderações sobre a resposta prometida ao ataque iraniano do último fim de semana, a Chancelaria israelense afirmou estar liderando em paralelo uma "ofensiva diplomática" contra a República Islâmica.
O ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, disse ter enviado uma carta a 32 países e conversado com homólogos para pressionar por sanções ao programa nuclear iraniano e declarar a Guarda Revolucionária, força de elite do país, uma organização terrorista.
As medidas, segundo Katz, seriam um forma de "conter e enfraquecer" Teerã: "O Irã deve ser detido agora — antes que seja tarde demais", escreveu o chanceler no X (antigo Twitter).
O Irã defende que a ofensiva — sem precedentes — do fim de semana foi uma resposta ao bombardeio atribuído a Israel contra o seu consulado em Damasco no dia 1º de abril, causando a morte de membros da Guarda. O ataque, afirmou a missão iraniana na ONU no domingo, teria respaldo no "artigo 51 da Carta das Nações Unidas sobre autodefesa".
O lançamento de centenas de drones e mísseis contra Tel Aviv afastou por hora a atenção da sua atuação na Faixa de Gaza, cuja guerra contra o Hamas já deixou mais de 34 mil mortos, e afrouxou a pressão diplomática para maior atenção aos civis e aumento de ajuda humanitária. Na visão de analistas, Israel tentará capitalizar esse fato para aumentar a pressão internacional sobre o Irã.
Leia também
• Israel busca resposta contra o Irã que não afaste novamente seus aliados
• Irã x Israel: companhia aérea inglesa anuncia suspensão de voos para Tel Aviv por seis meses
• Irã promete resposta "severa, extensa e dolorosa" a qualquer reação de Israel
Parte das sanções visa o programa nuclear iraniano, alvo há décadas de críticas de governantes israelenses, entre eles o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. As autoridades do Estado judeu alegam que as instalações nucleares funcionam como centros de desenvolvimento de armas atômicas, embora o Irã alegue que o programa tenha fins pacíficos.
Algumas sanções da ONU sobre o programa de mísseis do Irã, segundo a rede BBC, expirou em outubro do ano passado, porque estavam vinculadas a um acordo mais amplo sobre o programa nuclear iraniano. Apesar disso, países como os Estados Unidos, Reino Unido e o bloco da União Europeia mantiveram as sanções e acrescentaram novas.
Em relação à declaração da Guarda como organização terrorista, analistas apontam para um debate um pouco mais complexo. Os EUA já declararam a força uma organização terrorista, mas o Reino Unido, não. Alguns integrantes do governo britânico, segundo a rede de notícias, são a favor da declaração, enquanto outros alegam que a força de elite integra parte do Estado e não uma organização terrorista, e que uma potencial declaração levaria o Irã a fechar os canais de comunicação entre os países.