Israel procura corpos de reféns capturados pelo Hamas
O suprimento de combustível, que alimenta a eletricidade do estabelecimento, está "quase esgotado"
Tiros, soldados nos corredores e caos em salas cheias de pacientes. O Exército israelense lançou uma operação nesta quinta-feira (15) no maior hospital do sul de Gaza, em busca de corpos de reféns capturados pelo Hamas.
A operação "seletiva e limitada" está ocorrendo no hospital Nasser em Khan Yunis, indicou o Exército israelense. A incursão ocorre após semanas de intensos bombardeios e confrontos no bairro que abriga o hospital.
O local foi alvo de disparos, apesar de "as forças israelenses terem dito ao pessoal médico e aos pacientes que poderiam permanecer no local", lamentou a organização Médicos Sem Fronteiras na rede social X.
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A AFP não conseguiu acessar o local nesta semana. Mas em vídeos divulgados nas redes sociais, é possível ver como o caos se instala no local.
Em um deles, um grupo de socorristas tenta transferir pacientes da ortopedia, visivelmente atingida por um bombardeio, para um local seguro. Em outro vídeo, pessoas tentam fugir do hospital por um corredor estreito.
"O complexo médico Nasser enfrenta uma situação desastrosa e preocupante", afirmou o Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas desde 2007.
O suprimento de combustível, que alimenta a eletricidade do estabelecimento, está "quase esgotado", o que "ameaça diretamente a vida dos pacientes", acrescentou.
O pessoal médico já havia soado o alarme na quarta-feira, alertando para a falta de água potável, esgoto transbordando nas urgências e atiradores israelenses espreitando nos telhados.
Corpos de reféns
O Exército israelense afirmou nesta quinta-feira ter "informações críveis de diversas fontes" de que reféns capturados pelo Hamas em 7 de outubro em Israel foram retidos nesse hospital.
"Temos informações críveis de diversas fontes, incluindo reféns libertados, que indicam que o Hamas reteve reféns no hospital Nasser em Khan Yunis e que pode haver corpos de reféns" no local, afirmou em comunicado.
"Não estamos tentando prejudicar civis inocentes. Estamos tentando encontrar nossos reféns e trazê-los para casa", disse o porta-voz, Daniel Hagari.
No início desta semana, o Exército também lançou uma operação em Rafah que permitiu a libertação de dois reféns de nacionalidade israelense e argentina, Fernando Marman e Louis Har, sequestrados no kibutz Nir Yitzhak.
O Hamas capturou cerca de 250 pessoas em 7 de outubro, em um ataque que resultou em mais de 1.160 mortes, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP com base em dados oficiais israelenses.
Um cessar-fogo permitiu a libertação em novembro de 105 dos reféns. O Exército israelense estima que ainda haja 130 em Gaza e que 29 teriam morrido.
A ofensiva militar israelense deixou mais de 28.600 mortos em Gaza, também em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.
O Hamas afirma que milhares de civis, incluindo pacientes, tiveram que deixar o hospital, onde a situação é "catastrófica". O grupo islamista disse que o pessoal era incapaz de transferir os corpos para o necrotério devido à falta de segurança no local.