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Israel proíbe consulado espanhol de atender palestinos na véspera do reconhecimento do Estado

A diretriz é uma retaliação ao anúncio feito pelo governo espanhol na semana passada em favor da partilha do território; a Chancelaria israelense acusou Madri de "premiar o Hamas"

Prédio municipal palestino em Ramallah, na Cisjordânia, com as bandeiras da Espanha, Irlanda e Noruega após os países apoiarem o reconhecimento do Estado palestino. Prédio municipal palestino em Ramallah, na Cisjordânia, com as bandeiras da Espanha, Irlanda e Noruega após os países apoiarem o reconhecimento do Estado palestino.  - Foto: Ahmad Gharabli/AFP

Em mais um capítulo da tensão diplomática entre Israel e Espanha, o Ministério de Relações Exteriores israelenses proibiu o consulado espanhol em Jerusalém de atender palestinos, informou a chancelaria em nota nesta segunda-feira. A decisão acontece na véspera da oficialização do reconhecimento do Estado Palestino por Madri, anunciada na semana passada em conjunto com os governos da Noruega e da Irlanda. Na ocasião, Tel Aviv classificou a ação como "recompensa ao terrorismo".

De acordo com o comunicado, a diretriz entrará em vigor no sábado, 1º de junho. Após a data, o consulado estará "autorizado a oferecer serviços consulares aos residentes do distrito consular de Jerusalém exclusivamente, e [não estará] autorizado a [...] exercer uma atividade consular para residentes da Autoridade Palestina”, precisou a nota.

O chanceler israelense, Israel Katz, afirmou, em outra nota publicada nesta segunda, que a medida é uma resposta ao reconhecimento dado pelo governo do premier espanhol Pedro Sánchez, ao qual acusou de "premiar o Hamas".

"Hoje estamos aplicando medidas punitivas preliminares contra o consulado espanhol em Jerusalém, após o reconhecimento por parte do governo espanhol de um Estado palestino", disse o texto. "Não toleraremos que se atente contra a sobriedade e a segurança de Israel. Aqueles que premiam o Hamas e pretendem estabelecer um Estado terrorista palestino não terão contato com os palestinos."

A Espanha é um dos países europeus mais críticos em relação a Israel desde que começou o atual conflito em Gaza, em 7 de outubro, após o ataque terrorista do Hamas que deixou 1,1 mil israelenses mortos e mantém dezenas de reféns sob custódia até hoje. Do lado palestino, mais de 30 mil pessoas morreram em decorrência do conflito na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde do enclave, dentre elas quase a metade menores.

Após o anúncio do reconhecimento por parte da Espanha, o embaixador israelense em Madri foi convocado. Na sexta-feira, o país já havia anunciado sua decisão de “cortar a conexão entre a representação diplomática da Espanha em Israel e os palestinos”, após um comentário considerado “antissemita” pela número três do governo espanhol, a ministra Yolanda Díaz.

No domingo, o chanceler espanhol, José Manuel Albares, defendeu o reconhecimento do Estado da Palestino e afirmou que a decisão visa fazer "justiça para os palestinos" e "a melhor garantia de segurança para Israel".

No mesmo dia, o chefe da política externa europeia, Josep Borrell, recebeu o primeiro-ministro palestino, Mohammed Mustafa, para conversas sobre a construção da Autoridade Palestina, que sob comandado do presidente palestino Mahmud Abbas controla a Cisjordânia ocupada e Jerusalém Oriental, para que ela possa assumir o controle da Faixa de Gaza em uma eventual derrota do Hamas na guerra.

Uma Autoridade Palestina “forte” é necessária para trazer a paz ao Oriente Médio, disse Borrell pouco antes de entrar na reunião com Mustafa.

No sábado, a Espanha também exigiu que Israel cumprisse uma ordem da Corte Internacional de Justiça (CIJ), principal tribunal da ONU, para interromper imediatamente seu bombardeio e ataque terrestre à cidade de Rafah, em Gaza. Nos últimos meses, a região, que faz fronteira com o Egito, se tornou o principal destino de refúgio para os palestinos deslocados pelo conflito.

A Espanha reforçou que o cumprimento das medidas cautelares da CIJ, como parte de um processo movido pela África do Sul para conter o alegado genocídio na região, é "obrigatório". Na sexta-feira, a corte, localizada em Haia, ordenou que os ataques a Rafah fossem interrompidos "imediatamente".

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