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Israel propôs que líderes do Hamas deixem Gaza como parte de um acordo amplo de cessar-fogo, diz CNN

Objetivo seria enfraquecer o controle do grupo fundamentalista islâmico palestino sobre a região devastada pela guerra, embora seja improvável que seja aceita

Soldados israelenses durante operação em al-Bureij, no centro da Faixa de Gaza Soldados israelenses durante operação em al-Bureij, no centro da Faixa de Gaza  - Foto: Menahem Kahana/AFP

Israel propôs que os principais líderes do Hamas deixem a Faixa de Gaza como parte de um acordo de cessar-fogo mais amplo, informou a CNN americana nesta segunda-feira, citando fontes familiarizadas com as discussões ainda em andamento.

A proposta, que concederia passagem segura aos líderes que orquestraram o ataque de 7 de outubro ao território israelense, tendo como objetivo enfraquecer o controle do grupo fundamentalista islâmico sobre a região devastada pela guerra, surge num momento de pressões externas e internas para Israel e é improvável de ser aceita pelo Hamas.

Segundo a reportagem, a sugestão foi discutida em duas ocasiões recentes durante as negociações de cessar-fogo: uma em Varsóvia, na Polônia, no mês passado, e outra em Doha, Catar, neste mês, envolvendo o chefe de Inteligência de Israel, David Barnea, e o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken.

Reféns do Hamas
A proposta se insere em um contexto que inclui uma série de esforços diplomáticos para alcançar uma trégua prolongada nos combates e libertar reféns ainda presumidos vivos em Gaza, e em um momento de alta pressão interna e externa para Israel.

Nesta segunda-feira, o premier israelense, Benjamin Netanyahu, reuniu-se com parentes de reféns que protestavam contra a resposta do governo em relação ao conflito, segundo relatos de pessoas presentes à Reuters, e se mostrou disposto a fazer concessões como parte de um novo acordo com o Hamas. Ele, no entanto, teria deixado claro que vê uma correlação entre a pressão militar em Gaza e a questão dos reféns.

Segundo o site Axios, Israel fez uma proposta, por meio de negociadores cataris e egípcios, de uma trégua de até dois meses com parte de um acordo mais amplo que incluiria a libertação de todos os reféns.

Na última semana, diversos oficiais de segurança israelenses, tanto atuais quanto antigos, sugeriram que fazer um acordo com o Hamas seria a única maneira de trazer os reféns de volta com segurança para Israel. O primeiro-ministro, no entanto, tem se mostrado irredutível, rejeitando repetidamente a ideia de um cessar-fogo em Gaza e de um acordo com o Hamas.

 

— Em troca da libertação dos reféns, o Hamas exige o fim da guerra, a retirada das nossas forças de Gaza, a libertação de todos os assassinos — reiterou Netanyahu no domingo. — Se aceitarmos, nossos soldados terão caído em vão. Se aceitarmos isso, não seremos capazes de garantir a segurança dos nossos cidadãos.

A fala ocorreu no mesmo dia em que o grupo divulgou um documento justificando o ataque contra o Estado judeu, referindo-se à agressão como um "passo necessário e uma resposta normal a todas as conspirações israelenses contra a população palestina".

Pressão internacional
Há, ainda, grande pressão externa sobre o governo israelense para aliviar o sofrimento civil no enclave e apoiar a criação de um Estado palestino independente, o que é fortemente rejeitado por Israel.

Netanyahu tem sido resistente às pressões de aliados internacionais, reafirmando nos últimos dias sua forte oposição à solução de dois Estados. "Não comprometerei o controle total da segurança israelense de toda a área a oeste do Rio Jordão — e isso é inconciliável com um Estado palestino", postou Netanyahu na noite de sábado, em hebraico, no X (antigo Twitter).

Os comentários ocorreram apenas um dia depois do presidente dos EUA, Joe Biden, ter falado com o premier sobre a ideia e sugerido a possibilidade de uma nação palestina desarmada que não ameaçaria a segurança de Israel. O presidente americano argumentou que a criação de um Estado palestino seria a única resolução viável a longo prazo para um conflito que se arrasta há décadas, repetindo uma posição defendida pela maioria dos presidentes americanos e líderes europeus na História recente.

Durante toda sua carreira política, Netanyahu buscou obstruir o estabelecimento de um Estado palestino, embora ocasionalmente tenha feito acenos à ideia. Seus posicionamentos públicos recentes, porém, representam sua rejeição mais clara da posição oficial da política externa americana em um momento em que o governo Biden gastou um grande capital político doméstico ao apoiar Israel militarmente e na esfera internacional.

A criação de um Estado palestino independente ao lado de um Estado judeu foi proposta pela primeira vez em 1947, na época da criação de Israel, e foi rejeitada pelos governos árabes regionais. Nos anos seguintes, planos para uma solução de dois Estados foram propostos e impedidos tanto por líderes palestinos quanto israelenses.

Israel prometeu "aniquilar" o Hamas após o ataque em outubro que matou cerca de 1.140 pessoas no sul do país, a maioria civis, além de cerca de 250 sequestrados. Cem foram libertos em troca da libertação de palestinos detidos em Israel, durante uma trégua de uma semana no final de novembro. Dos 132 restantes, 27 teriam morrido.

Em resposta, Israel lançou uma operação aérea e terrestre em Gaza, que até agora deixou cerca de 25 mil mortos, a maioria mulheres e menores, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas. Cerca de 200 soldados israelenses morreram desde o início das operações terrestres no enclave, afirma o Exército de Israel. 

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