Itamaraty diz que não há engajamento do Brasil no conflito entre Ucrânia e Rússia
Presidente da Ucrânia disse que o Brasil não pode ficar ao lado do agressor
Em resposta às declarações do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que acusou o Brasil de se aliar à Rússia por razões comerciais, o Itamaraty negou, nesta sexta-feira (31), que o governo brasileiro tenha tomado partido na guerra entre os dois países. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, não há e jamais houve engajamento no conflito.
Na quinta-feira, em entrevista a um grupo de jornais latino-americanos, incluindo O GLOBO, Zelensky deixou claro entender que o Brasil está ao lado do presidente Vladimir Putin. Disse que o Brasil estaria priorizando a Rússia.
"Como se pode priorizar a aliança com um agressor?" perguntou o líder ucraniano.
"O Brasil deve estar do nosso lado e dar um ultimato ao agressor [a Rússia]… por que temos de voltar a repetir estas coisas? Pela memória histórica, por temas econômicos? A economia é importante até que chega uma guerra, e quando a guerra chega os valores mudam. Pesam mais as crianças, a família, a vida, só depois está o comércio com a Federação Russa" afirmou Zelensky.
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Procurado pelo Globo, o Itamaraty destacou que o Brasil sempre condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022. O governo brasileiro, completou o órgão, defende que as negociações de paz envolvam as duas partes.
A posição do Brasil é a mesma da China: Brasília e Pequim não creem em um acordo de paz sem a participação dos russos. Uma conferência foi convocada pela Suíça para discutir uma solução para o conflito, este mês, para a qual a Rússia não foi convidada.
Desde o início da guerra, tanto o Brasil do ex-presidente Jair Bolsonaro como o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem recebido críticas, por ser contra as sanções econômicas aplicadas à Rússia. O argumento é que o país não segue punições unilaterais, e sim as que são aprovadas multilateralmente, no âmbito das Nações Unidas.
Zelensky admitem saber que Lula não participará da reunião convocada pela Suíça em meados de junho para discutir o conflito entre Rússia e Ucrânia. Tampouco irão as mais altas autoridades da China. Em ambos os casos, a justificativa é a mesma: Brasil e China não acreditam em conversas sobre um eventual processo de paz sem a participação dos russos.