Conflito no Oriente Médio

Itamaraty envia diplomatas para fronteira entre Egito e Gaza para negociar passagem de brasileiros

Lula afirmou ao presidente egípcio que grupo será acompanhado pelo embaixador do Brasil no país até o aeroporto de Arish e embarcará em voo da FAB imediatamente após passagem pela divisa

Conheça os aviões da FAB que vão repatriar brasileiros em IsraelConheça os aviões da FAB que vão repatriar brasileiros em Israel - Foto: Divulgação

A Embaixada do Brasil no Egito deslocou uma equipe de diplomatas para Ismaília, no Norte do país, para acompanhar as negociações para a abertura da fronteira com e permitir a retirada dos brasileiros que estão na Faixa de Gaza. O embaixador do Brasil no Egito, Paulino Franco Neto, lidera a equipe.

Os diplomatas brasileiros esperam autorização para se dirigir a Al-Arish e, se for autorizado, até Rafah, para receber o grupo de brasileiros que está neste momento em Gaza.

— Nós e também outras embaixadas não podemos entrar no Sinai. Dependemos de uma autorização expressa do governo egípcio — disse o embaixador ao GLOBO.

Ismaília fica a cerca de duas horas da fronteira do Gaza, nas proximidades da cidade de Rafah, e é até onde os diplomatas podem se deslocar.

O governo brasileiro afirmou que há 28 pessoas prontas para evacuação em Gaza. Desse número, 22 são brasileiros, três são imigrantes palestinos e três palestinos. São 14 são crianças, oito mulheres e seis homens adultos. Dez encontram-se em Rafah e 18 em Khan Younes. Todos passarão juntos por Rafah.

"Aguardando a abertura da fronteira e a autorização do Egito para ingresso", afirmou a embaixada, pouco antes das 10h deste domingo.

Além do Brasil, outros países querem evacuar seus nacionais de Gaza: Estados Unidos, Filipinas, Noruega, Turquia, Ucrânia e países da União Europeia.

Neste sábado, em meio a negociações diplomáticas, parte dos brasileiros foi deslocada para o norte de Gaza: primeiro, para a cidade de Khan Younes (onde já estavam alguns compatriotas) e, na sequência, algumas para Rafah, perto do posto de controle da travessia para o Egito. O grupo aguarda o sinal verde das autoridades egípcias para cruzar a fronteira, que já foi alvo de bombardeios e cuja abertura é rara.

Autoridades brasileiras apontam que a travessia pode ocorrer neste domingo. O plano do governo federal é que os cidadãos embarquem rumo ao Brasil num avião da Força Aérea Brasileira (FAB) na cidade de Arish, a pouco mais de 50 quilômetros da fronteira. Mas o Egito teme que abrir a passagem de Gaza possa levar à migração de centenas de refugiados e desestabilizar a situação na fronteira.

O presidente Lula conversou, neste sábado, com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, para solicitar apoio à retirada dos brasileiros que estão tentando sair da Faixa de Gaza. Lula informou que assim que os brasileiros cruzarem a passagem de Rafah serão acompanhados pelo embaixador do Brasil no Egito até o aeroporto de Arish, onde embarcarão imediatamente em aeronave da FAB com destino ao Brasil.

O embaixador Alessandro Candeas aponta que os brasileiros vão aguardar em Rafah a abertura da fronteira, o que poderia ocorrer, segundo ele, neste domingo ou na segunda-feira. Candeas afirma que a ideia é que o grupo, ao menos, fique longe das hostilidades ao norte de Gaza, que devem se intensificar nas próximas horas após o ultimato de Israel para esvaziamento da região.

— Um lugar mais aberto, seguro e confortável para eles, apesar da simplicidade. A casa já fica em Rafah, a walking distance (curta distância) da fronteira. Ali ficarão aguardando tranquilamente o momento de passar, quando a fronteira abrir — disse o embaixador. — Que diferença da tensão e das bombas de onde estavam até hoje pela manhã.

Integrantes do Itamaraty a par das negociações relatam que o Egito chegou a dar sinal verde para a passagem dos brasileiros durante a manhã de sábado e estava com a estrutura pronta para receber o grupo. O governo israelense, no entanto, não sinalizou positivamente, o que vem emperrando a situação. No lado brasileiro, a expectativa é por uma solução em até 48 horas, mas não há garantia de que isso vá ocorrer dentro deste prazo. Um diplomata pontua ainda que a situação sofre alterações o tempo todo.

O deslocamento começou a ser preparado na madrugada deste sábado, e chegou a ser suspenso após o recebimento de "informações preocupantes".

As autoridades brasileiras comunicaram as forças de defesa de Israel sobre o ônibus, trajeto, placa e lista de passageiros. O objetivo era evitar que o coletivo pudesse cruzar Gaza em segurança, evitando que fosse bombardeado. O mesmo procedimento foi feito em relação às acomodações do grupo.

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