EDUCAÇÃO

Jaboatão apresenta resultados de programa de inclusão de alunos neurodivergentes

Parceria com a plataforma Livox, com apoio da Lego Foundation, foi implementada em 51 escolas municipais

Programa para estudantes neurodivergentesPrograma para estudantes neurodivergentes - Foto: Júnior Soares / Folha de Pernambuco

A inclusão de pessoas neurodivergentes no sistema educacional foi pauta de um evento promovido pela prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), na manhã desta terça-feira (20).

Na cerimônia, foram apresentados resultados de uma parceria entre a rede municipal de educação e a plataforma Livox, que usa inteligência artificial para auxiliar os processos de comunicação de pessoas com diversos tipos de deficiências e transtornos de aprendizagem.

A parceria entre a gestão municipal e o aplicativo, com o apoio da Lego Foundation, envolveu a distribuição de 245 tablets com o software para alunos do ensino fundamental. 

Nas salas de aula das escolas municipais, alunos diagnosticados com transtorno do espectro autista (TEA), transtorno do déficit de atenção com Hiperatividade (TDAH), dislexia, entre outras condições neurológicas, tiveram a oportunidade de desenvolver conteúdos digitais lúdicos pelo Livox.

Os “jogos”, como chamam os alunos, servem para estimular a aprendizagem de outros estudantes neurodivergentes.

A iniciativa, segundo a superintendente do Direito da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida em Jaboatão, Lauriceia Tomaz, começou a ser pensada ainda em 2022 e foi posta em prática no início de 2023.

“Ano passado, a empresa Agora Eu Consigo Tecnologias, responsável pela Livox, entrou em contato com a gestão municipal perguntando se gostaríamos de participar de um edital junto à Lego Foundation, que tem projetos em todo o mundo voltados para o emprego de tecnologias para auxiliar pessoas com deficiência. A partir daí, fomos selecionados. O projeto começou em fevereiro, com uma capacitação para os professores e um protocolo para selecionar os estudantes aptos”, explicou. 

 

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O Livox
O aplicativo Livox foi concebido como uma plataforma para facilitar a comunicação de crianças com dificuldades de expressão. Desde então, o app passou a oferecer outras funcionalidades, como a criação de pequenos jogos desenvolvidos pelas próprias crianças neurodivergentes.

Carlos Pereira, idealizador da plataforma, conta que a ideia por trás do app veio de uma necessidade pessoal. “Minha filha Clara, devido a um erro médico no parto, tem paralisia cerebral. Com isso, decidi criar alguma coisa que viabilizasse essa comunicação, já que ela não consegue falar”, disse.

“Esse software começou a ser usado em escolas principalmente para facilitar a comunicação. Mas depois a plataforma passou a oferecer conteúdos para que as crianças brincassem e, consequentemente, aprendessem. A gente foi chamado pela Lego à Dinamarca, onde fomos instruídos a implementar, dentro do Livox, princípios de brincadeiras. Hoje em dia, pais, mães, professores e terapeutas ocupacionais criam conteúdos, que podem ser educacionais, no Livox; queremos permitir, agora, que mais pessoas com deficiência participem dessa criação de conteúdos”, completou Pereira. 

Carlos Pereira, CEO e fundador Livox | Foto: Júnior Soares/Folha de Pernambuco

A plataforma Livox já foi premiada como o Melhor Aplicativo de Inclusão Social do Mundo pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Entre os alunos da rede municipal contemplados pelo projeto, a experiência com o aplicativo na escola tem aberto portas, colocando, inclusive, os alunos mais velhos em contato com o universo da programação.

Pedro Miguel Figueiredo, 13, estudante do 9º ano do ensino fundamental, destacou o potencial da plataforma e as possibilidades que o Livox oferece. “Eu gosto do Livox porque ele tem uma programação muito fácil e prática; você não precisa saber vários códigos porque é bem acessível”, disse.

“O aplicativo é como se fosse uma base do que o universo da programação oferece. Isso é incrível, porque muita gente tem interesse nessa área mas desiste no meio do caminho”.

Pedro, Pedro Miguel Figueiredo, 13 | Foto: Júnior Soares/Folha de Pernambuco

“É uma experiência muito boa. É lindo ver as pessoas se importando com a inclusão, porque, na maioria das vezes, as pessoas que têm dificuldade no aprendizado ou na comunicação são ignoradas. Esse aplicativo pode mudar as vidas de diversas pessoas”, completou Pedro. 

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