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Japão critica assédio da China após despejo de água da usina de Fukushima

China proibiu na semana passada a importação de frutos do mar do Japão, que começou a despejar a água de resfriamento da usina paralisada de Fukushima

Despejo de água da usina de FukushimaDespejo de água da usina de Fukushima - Foto: Japan Pool / Jiji Press / AFP

O governo do Japão afirmou, nesta terça-feira (29), que seus cidadãos e representações diplomáticas na China enfrentam assédio desde o início da operação de despejo no mar de águas residuais da usina nuclear de Fukushima, incluindo o lançamento de um tijolo contra a embaixada nipônica em Pequim.

A China proibiu na semana passada a importação de frutos do mar do Japão, que começou a despejar a água de resfriamento da usina paralisada de Fukushima, uma operação que Tóquio e a Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA) consideram segura.

Desde então, o governo japonês pede a seus cidadãos na China que mantenham a discrição e reforçou a segurança ao redor de escolas e missões diplomáticas.

O ministro nipônico das Relações Exteriores, Yoshimasa Hayashi, criticou duramente o assédio aos cidadãos japoneses na China e confirmou que um tijolo foi lançado contra a embaixada em Pequi.

"É extremamente lamentável e preocupante", declarou Hayashi à imprensa.

"Gostaríamos de voltar a pedir ao governo chinês que adote imediatamente as medidas apropriadas, como apelar a seus cidadãos para que atuem com calma e evitem o agravamento da situação", acrescentou.

O ministro pediu a Pequim que apresente "informações corretas" sobre o despejo de água de Fukushima, "em vez de aumentar de maneira desnecessária a preocupação da população ao divulgar informações sem bases científicas".

Em Pequim, um porta-voz da embaixada japonesa declarou à AFP que os funcionários estão muito preocupados.

"Algumas pessoas compareceram à nossa entrada e realizaram este tipo de ação. Depois foram retiradas por policiais armados", explicou.

"Todos os dias recebemos ligações de assédio, em particular no fim de semana, começando na quinta-feira e sexta-feira", disse.

"Indignação"
Em resposta, o porta-voz do ministério chinês das Relaciones Exteriores, Wang Wenbin, afirmou que Pequim protege a segurança" dos estrangeiros na China.

"A China sempre protege a segurança, assim como os direitos e interesses legítimos dos estrangeiros na China, de acordo com a lei", declarou, minimizando as "supostas preocupações da parte japonesa".

"Ignorando as fortes dúvidas e a oposição da comunidade internacional, o governo japonês iniciou unilateralmente, e pela força, o despejo de água contaminada procedente do acidente nuclear de Fukushima, o que provocou uma forte indignação entre as populações de todos os países", acrescentou.

"Esta é a causa fundamental da atual situação", resumiu.

O ministério nipônico das Relações Exteriores pediu no domingo a seus cidadãos na China que tenham cautela e "não falem japonês de maneira desnecessária ou em voz muito alta".

Vários estabelecimentos comerciais japoneses receberam ligações com ofensas e linguagem racista.

O Japão iniciou na quinta-feira (24) a operação de despejo no Oceano Pacífico de água de resfriamento diluída de Fukushima, 12 anos após o tsunami que danificou três reatores da usina, em um dos piores acidentes nucleares da história.

Todos os elementos radioativos foram filtrados, com exceção do trítio, que permanece em níveis seguros e abaixo dos que são despejados pelas usinas nucleares em suas operações normais, incluindo as centrais nucleares da China, afirmou a operadora japonesa TEPCO.

Os resultados das análises realizadas com mostras de água do mar e peixes próximos da usina desde o início da operação - que vai demorar décadas para ser concluída - confirmaram os níveis seguros, anunciaram as autoridades japonesas.

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