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LGBT

Japão tem decisão judicial histórica para reconhecimento do casamento gay

O país é o último do G7 que não reconhece o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo

O primeiro veredicto histórico japonês foi celebrado como uma grande vitória pelos ativistas da igualdade de direitosO primeiro veredicto histórico japonês foi celebrado como uma grande vitória pelos ativistas da igualdade de direitos - Foto: STR/JIJI PRESS/AFP

Um tribunal do Japão decidiu nesta quarta-feira (17) que não reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo sexo é inconstitucional, um primeiro veredicto histórico que foi celebrado como uma grande vitória pelos ativistas da igualdade de direitos.

O tribunal de primeira instância de Sapporo (norte) considera que o não reconhecimento do casamento gay é contrário ao artigo 14 da Constituição, que estipula que "todos os cidadãos são iguais perante a lei".

O Japão é o último país do G7 que não reconhece o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo. O casamento para todos também não existe na Itália, mas este país autoriza as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo desde 2016.

O Estado nipônico considera que este tipo de união "não está contemplada" na Constituição de 1947, que se limita a destacar sobre o casamento a necessidade de "consentimento mútuo dos dois sexos", o que dá margem para muitas interpretações.

O veredicto desta quarta-feira é o primeiro no âmbito de uma série de ações na Justiça contra o Estado japonês apresentadas por vários casais homossexuais em 2019 para obter o reconhecimento legal de suas uniões.

Com bandeiras arco-íris, os advogados dos demandantes colocaram uma faixa diante do tribunal para celebrar a decisão como um "grande passo para a igualdade no matrimônio".

Lágrimas de alegria
A deputada opositora Kanako Otsuji, uma das raras personalidades políticas do Japão abertamente LGBT, escreveu no Twitter que está "verdadeiramente feliz" com a decisão.

"Apelo à Dieta (Parlamento), enquanto braço Legislativo do Estado, que delibere sobre uma proposta de reforma do código civil para tornar possíveis as uniões de pessoas do mesmo sexo", completou.

O tribunal de Sapporo rejeitou, no entanto, ações por danos e prejuízos dos demandantes, que pediam cada um a quantia de um milhão de ienes (9.150 dólares) ao Estado por não terem os mesmos direitos que os casais heterossexuais.

"Primeiro fiquei um pouco decepcionado ao ouvir a palavra 'rejeitado' na leitura do veredicto", afirmou Ryosuke Kunimi, um dos demandantes.

"Mas depois não consegui conter as lágrimas", disse. "O tribunal examinou sinceramente nosso problema, e acredito que tomou uma boa decisão", celebrou.

A sociedade japonesa já foi mais tolerante com a homossexualidade, como demonstram documentos que mencionam samurais que tinham relações com homens. A homossexualidade também é tema recorrente no ukiyo-e.

À medida que o arquipélago se abriu para o mundo na segunda metade do século XIX, porém, os preconceitos ocidentais foram impostos contra a homossexualidade, e persistiram por muito tempo em uma sociedade essencialmente conformista.

Mas as opiniões mudaram: uma pesquisa publicada em novembro pelo jornal conservador Yomiuri mostrou que 61% dos japoneses são favoráveis ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, com 37% contrários.

Em 2015, o bairro da moda de Shibuya, no centro de Tóquio, inovou com a entrega de certidões a casais do mesmo sexo para facilitar alguns trâmites administrativos.

Outras administrações locais imitaram a iniciativa, mas o alcance dos certificados continua sendo limitado.

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