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Javier Milei denuncia "agenda ideológica" em discurso na ONU

O presidente, que se apresentou perante a Assembleia Geral da ONU como um "economista liberal libertário" sem experiência política

O presidente da Argentina, Javier MileiO presidente da Argentina, Javier Milei - Foto: Stringer/AFP

O presidente argentino, Javier Milei, denunciou, nesta terça-feira (24), a "agenda ideológica" da ONU e acusou a organização de ser governada por "burocratas internacionais", em seu discurso na Assembleia Geral em Nova York, no qual se distanciou do "Pacto para o Futuro", adotado no domingo por 193 países.

Milei cumprimentou o "sucesso notável" alcançado pela ONU em seus primeiros anos no século XX, mas afirmou que com o tempo, a organização se transformou "em um Leviatã de múltiplos tentáculos, que pretende decidir não só o que cada Estado ou Nação deve fazer, mas também como todos os cidadãos do mundo devem viver".

"É assim que passamos de uma organização que perseguia a paz para uma organização que impõe uma agenda ideológica a seus membros", disse Milei em seu primeiro discurso na ONU, após assumir a Presidência argentina, em dezembro de 2023.

O presidente, que se apresentou perante a Assembleia Geral da ONU como um "economista liberal libertário" sem experiência política, criticou "o modelo de governo supranacional de burocratas internacionais", perante o qual discursou. 

Ele acusou o Conselho de Segurança de ter se "desnaturalizado porque o veto de seus integrantes permanentes começou a ser usado na defesa dos interesses particulares de alguns".

"A Argentina vai abandonar a posição de neutralidade histórica que (a) caracterizou e vai estar na vanguarda da luta em defesa da liberdade", acrescentou, sem dar mais detalhes.


Não ao "Pacto para o Futuro"
Milei criticou duramente a Agenda 2030 - antecessora do "Pacto para o Futuro", que promovia um plano de ação para o desenvolvimento sustentável -, ao considerá-la parte de uma "política coletivista".

"Embora seja bem-intencionada em suas metas, (a Agenda 2030) não é outra coisa senão um programa de governo supranacional de viés socialista, que pretende resolver os problemas da modernidade com soluções que atentam contra a soberania dos Estados nação e violentam o direito à vida, à liberdade e à propriedade das pessoas", afirmou.

"Nesta mesma casa que diz defender os direitos humanos, permitiram a entrada no Conselho de Direitos Humanos de ditaduras sangrentas, como a de Cuba e da Venezuela, sem a mínima repreensão", acusou, atacando o que considera uma hipocrisia do organismo em relação ao direito das mulheres e ao apoio a Israel.

"Por esta razão, queremos expressar oficialmente nosso dissenso sobre o Pacto do Futuro (...) E convidamos todas as nações do mundo livre a nos acompanhar não só no dissenso deste pacto, mas na criação de uma nova agenda", acrescentou, qualificando-a de a "Agenda da liberdade".

O Pacto para o Futuro, aprovado neste domingo pelos 193 países-membros da ONU, prevê 56 "ações" para enfrentar os "maiores desafios" da nossa época.

Tais desafios abrangem a paz e o direito internacional, a reforma do Conselho de Segurança da ONU, a arquitetura financeira mundial e as mudanças climáticas, bem como temas mais inovadores como a inteligência artificial.

Também se opuseram ao pacto países como Rússia, Venezuela, Nicarágua, Coreia do Norte e Belarus.

Milei disse que o Pacto para o Futuro "não é outra coisa senão o aprofundamento deste rumo trágico" que a ONU empreendeu com a Agenda 2030 e acusou a organização de "incapacidade total" frente ao terrorismo.

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