Logo Folha de Pernambuco

justiça russa

Jornalista americano, acusado de espionagem, é julgado na Rússia

Começa nesta quarta (26) o julgamento do jornalista americano, Evan Gershkovich, com portas fechadas

Evan Gershkovich, jornalista americano, preso sob acusação de espionagemEvan Gershkovich, jornalista americano, preso sob acusação de espionagem - Foto: Assessoria de Imprensa do Tribunal da Cidade de Moscou / AFP

Jornalista americano Evan Gershkovich, detido na Rússia há 15 meses por acusações de espionagem que ele negou, comparou nesta quarta-feira (26) a um tribunal de Ekaterimburgo para o primeiro dia de seu julgamento, que acontece com portas fechadas.

A Justiça Russa nunca detalhou as acusações contra o jornalista do Wall Street Journal (WSJ).

Gershkovich, 32 anos, foi detido em março de 2023 pelo Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia e se tornou o primeiro jornalista ocidental desde o período soviético acusado de espionagem na Rússia.

Nesta quarta-feira, ele apareceu em um cubículo transparente no tribunal regional de Sverdlovsk com a cabeça raspada. O americano falou para alguns jornalistas e os cumprimentou com um "olá" quase inaudível.

A imprensa credenciada teve um acesso rápido ao tribunal antes do início do julgamento, que acontece com portas fechadas.

Uma porta-voz do tribunal, Irina Toshcheva, informou que a próxima audiência acontecerá em 13 de agosto e que a imprensa não será autorizada a filmar o jornalista novamente antes do anúncio do veredicto, em uma data que ainda não foi determinada.

O Serviço Penitenciário Federal (FSIN) negou informar onde Gershkovich permaneceu detido - até agora ele estava em prisão preventiva em Moscou, a 1.400 km de Ekaterimburgo.

A Embaixada dos Estados Unidos em Moscou afirmou que seus representantes conseguirão acompanhar parte da audiência desta quarta-feira.

“Durante o período, as autoridades russas não apresentaram nenhuma evidência que corrobore as acusações”, denunciou a embaixada, reafirmando que o jornalista foi detido “ilegalmente” e utilizado como “moeda de troca” pela Rússia “para alcançar objetivos políticos”.

Gershkovich, que trabalhou para a AFP em Moscou entre 2020 e 2021 e pode ser condenado a até 20 anos de prisão, foi acusado de obter informações fornecidas em nome da CIA sobre um dos principais fabricantes de armas do país, o grupo Uralvagonzavod.

A empresa produz tanques T-90, que são usados na Ucrânia, o tanque Armata de nova geração e vagões de carga, entre outros.

Gershkovich, o WSJ e os seus parentes rejeitam as acusações, assim como o governo dos Estados Unidos, que acredita que a Rússia criou um caso do zero para trocar o jornalista por vários russos detidos em países ocidentais.

Negociações para uma troca
Apesar de cumprir a prisão preventiva na penitenciária Lefortovo, em Moscou, o americano está sendo julgado em Ekaterimburgo, na região dos Urais, onde foi detido.

A família de Gershkovich explicou à AFP no início do ano que conta com a promessa do presidente americano, Joe Biden, de obter a liberação do jornalista.

Um nome importante da diplomacia russa, Sergei Ryabkov, revelou na semana passada que Moscou apresentou uma proposta a Washington para uma troca de prisioneiros, sem revelar os detalhes. Ele disse que "a bola está no campo dos Estados Unidos".

Nesta quarta-feira, Ryabkov, denunciado pela agência Interfax, pediu ao governo dos Estados Unidos que examinasse “com seriedade os sinais” enviados por Moscou sobre a questão.

O presidente russo Vladimir Putin admitiu que as negociações estão em curso e deu a entender que poderia solicitar a libertação de Vadim Krasikov, condenado à prisão perpétua na Alemanha por ter assassinado, em Berlim em 2019 por ordem de Moscou, m ex-comandante separatista checheno.

Vários americanos estão presos na Rússia, incluindo o jornalista russo-americano Alsu Kurmasheva, detida no passado por violar a lei de "agentes estrangeiros", e o ex-fuzileiro naval Paul Whelan, que cumpre uma pena de 16 anos de prisão por espionagem, uma acusação de que ele nega.

Gershkovich, filho de judeus que emigraram da União Soviética, cresceu em Nova Jersey e trabalhou na Rússia desde 2017 para diversas empresas de jornalismo.

Em uma carta publicada em 2023, ele afirmou que “não perde a esperança”.

A embaixadora americana na Rússia, Lynne Tracy, que o visitou na prisão em maio, afirmou que o jornalista "mantém uma atitude positiva, aguardando o início do processo por um crime que não cometeu".

Veja também

Tombamento de usina é novo capítulo de luta pela memória da ditadura
ditadura

Tombamento de usina é novo capítulo de luta pela memória da ditadura

Brasil manifesta preocupação com violência após eleições em Moçambique
moçambique

Brasil manifesta preocupação com violência após eleições em Moçambique

Newsletter