Jovens da Orquestra Criança Cidadã revelam muita emoção durante concerto para o papa: "Foi incrível"
Apresentação faz parte do "Concertos pela Paz", com artistas do Brasil, Itália, Ucrânia e Rússia pedindo pelo fim dos conflitos no mundo
A Orquestra Criança Cidadã, do Grande Recife, fez uma emocionante apresentação neste sábado (4), no Vaticano, em Roma, diante do papa Francisco e de todo o mundo como parte do "Concertos pela Paz". A iniciativa reuniu jovens do Brasil, Itália, Ucrânia e Rússia para pedir, por meio da arte, pelo fim da guerra no continente europeu e no mundo como um todo. Após o evento, artistas relevaram uma ansiedade inicial ao ver o pontífice, mas enviaram mensagens de amor pela música.
"O coração foi a mil (ao ver o papa pela primeira vez). Eu estava nervoso e ansioso, mas foi incrível. Para chegar aqui e estudar música, precisamos de disciplina e de bastante estudo, mas também é importante saber lidar com as emoções para essas apresentações", contou à Folha de Pernambuco o violoncelista Wesley Matheus.
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Ao lado de Wesley, estavam mais 24 artistas, com idades entre 14 e 21 anos, da Orquestra Criança Cidadã, fundada no Grande Recife pelo juiz João José Targino. Com a apresentação, o projeto pernambucano traz jovens da comunidade do Coque, área central do Recife, e de Camela, distrito de Ipojuca, na Região Metropolitana, para a cidade eterna para mostrarem seu talento para o mundo inteiro.
Este foi o caso do violoncelista Alan Riquelme Noronha e do violinista Pedro Henrique Martins, que reservaram um momento especial para contar um pouco sobre o papel que a música desempenha em suas vidas e para deixar uma mensagem de inspiração para que mais pessoas possam vivenciar a arte assim como eles.
"Primeiramente, para a gente se dedicar à música, precisamos de muita disciplina. Muitas vezes vamos nos sentir cansados, mas, através do instrumento, você vai conseguir se sentir feliz e criar a música para conseguir transferir as suas emoções para outras pessoas. É algo muito incrível. É algo que supera a linguagem, como pudemos ver agora, pessoas de vários países tocando em um só propósito: pela paz", disse Alan.
"Primeiro de tudo, você tem que gostar de música. A gente tem que ter muita disciplina, mas é claro que isso tudo inclui o fato de amarmos a música. A gente tem que amar muito para conseguir dedicar grande parte da nossa vida aos estudos para nos tornarmos músicos. Mas, se você quer, pode correr atrás, porque é um sentimento de muita felicidade quando tocamos e com certeza vale a pena. Acho que todo mundo deveria ter a oportunidade de tocar um instrumento na vida para sentir tudo que nós sentimos", completou Pedro.
O evento foi organizado pela Charis Internacional e pela Comunidade Obra de Maria, com apoio da Fondazione Cavalsassi, da Itália. No repertório, estavam homenagens aos cidadãos que estão sendo impactados diretamente pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, iniciado em fevereiro de 2022 e que segue sem previsão para término. Assim, composições do russo Sergei Rachmaninov e do ucraniano Mykola Leontovich, músicos renomados, figuraram entre as músicas selecionadas.
Além disso, o italiano Antonio Vivaldi e o argentino Astor Piazzolla, em tributo ao papa, além da música “Por Una Cabeza”, de Alfredo Le Pera e Carlos Gardel, celebrando também o tango, um dos principais aspectos culturais da Argentina, também compuseram o repertório. Do Brasil, aparecem Heitor Villa-Lobos, Ary Barroso e o pernambucano de Caruaru Clóvis Pereira, atualmente com 93 anos, de quem foi escolhida “Três peças nordestinas”, importante produção musical do Movimento Armorial, fundado em 1970 por Ariano Suassuna.
"Estou profundamente alegre por ter visto um sonho se realizar. Nós trabalhamos com afinco com nove meses pra trazer a orquestra para cá, com músicos russos, italianos, ucranianos e, obviamente, com artistas da nossa Orquestra Cidadã. Então eu penso que foi uma jornada coroada de êxito, onde o tema dos Concertos pela Paz realmente se consolidou ao mostrar ao Santo Padre que na arte não há guerra", finalizou o juiz e fundador da orquestra, João José Targino, com sentimento de dever cumprido.