Internacional

Juiz considera 'mais provável do que improvável' que Trump tenha obstruído o Congresso

Ex-presidente teria se envolvido em conduta criminosa em seus esforços para reverter os resultados das eleições

Ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump tenha se envolvido em conduta criminosa em seus esforços para reverter os resultados das eleições presidenciais de 2020Ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump tenha se envolvido em conduta criminosa em seus esforços para reverter os resultados das eleições presidenciais de 2020 - Foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP

Um juiz federal sentenciou, nesta segunda-feira (28), que é  "mais provável do que improvável" que o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump tenha se envolvido em conduta criminosa em seus esforços para reverter os resultados das eleições presidenciais de 2020.

O juiz David Carter fez a acusação em uma decisão sobre intimações emitidas pelo comitê do Congresso que investiga a invasão do Capitólio por apoiadores de Trump em 6 de janeiro de 2021.

A sentença foi conhecida enquanto se esperava que Jared Kushner, genro e conselheiro sênior de Trump, compareça voluntariamente para uma audiência virtual no final desta semana, segundo a mídia americana.

“Com base nas evidências, o tribunal considera mais provável do que improvável que o presidente Trump tenha tentado de forma corrupta obstruir a sessão conjunta do Congresso”, disse Carter.

O comitê buscou documentos de John Eastman, um advogado conservador que prestou assessoria jurídica a Trump após sua derrota nas eleições de 2020 para o democrata Joe Biden.

Carter, um juiz nomeado por Bill Clinton, rejeitou a tentativa de Eastman de bloquear a entrega para o comitê dos e-mails de sua conta na Chapman University, na Califórnia, onde lecionava direito.

Eastman foi um notório autor de memorandos nos quais, usando argumentos jurídicos duvidosos, indicou que o então vice-presidente Mike Pence poderia inclinar a eleição a favor de Trump quando o Congresso se reunisse em 6 de janeiro de 2020 para certificar a vitória eleitoral de Trump.

'Golpe em busca de uma teoria legal'
Em sua sentença, Carter ressalta que Trump exigiu repetidamente que Pence rejeitasse votos no Colégio Eleitoral de estados com resultados contestados e que o fez em um discurso diante de seus apoiadores pouco antes do ataque ao Congresso.

Pence resistiu à pressão e Biden foi certificado como o vencedor da eleição presidencial depois que a multidão deixou o prédio.

"Dado que o presidente Trump provavelmente sabia que o plano para interromper a recontagem eleitoral era arbitrário, sua mentalidade ultrapassa o limite de agir 'de forma corrupta'", disse o juiz.

Ele acrescentou que Trump provavelmente sabia que suas alegações de fraude eleitoral eram infundadas e, portanto, a trama era ilegal.

A sentença pode aumentar a pressão sobre o Procurador-Geral Merrick Garland para apresentar acusações contra Trump pelo ataque ao Congresso, que deixou cinco mortos.

Mais de 775 pessoas foram presas em conexão com o ataque ao Capitólio. Cerca de 280 foram acusadas de obstruir um procedimento oficial.

Trump foi submetido a um julgamento político - o segundo de seu mandato - no qual a Câmara dos Representantes o acusou de incitar a insurreição, mas foi absolvido no Senado.

"O Dr. Eastman e o presidente Trump lançaram uma campanha para derrubar uma eleição democrática, uma ação sem precedentes na história dos Estados Unidos", disse Carter na sentença.

"A campanha não se limitou a uma torre de marfim. Foi um golpe em busca de uma teoria jurídica", acrescentou.

O juiz ordenou que Eastman entregue 01 documentos ao comitê do Congresso que investiga o ataque ao Capitólio.

O comitê, que está finalizando de sua investigação antes das audiências públicas previstas para maio, deve iniciar processos criminais na segunda-feira contra o consultor comercial de Trump, Peter Navarro, e o vice-chefe de gabinete, Dan Scavino.

Desacato criminal
Espera-se que se aprove por unanimidade pedir que a Câmara dos Representantes, de maioria democrata, convoque ambos por desacato criminal depois de se recusarem a testemunhar na investigação, apesar de terem sido intimados a comparecer, deve ser aprovada por unanimidade.

Scavino era o gerente das redes sociais do ex-presidente e os dois estavam juntos na Casa Branca quando a multidão lançou o ataque, segundo os investigadores.

Já Navarro se gabou na mídia sobre seu papel em orquestrar o plano para reverter a eleição presidencial com a ajuda de cerca de 100 legisladores republicanos.

O painel havia recomendado anteriormente indiciar os principais assessores de Trump, Mark Meadows e Steve Bannon, bem como o funcionário do Departamento de Justiça Jeffrey Clark.

Até agora, apenas Bannon foi processado e a intimação de Clark nem chegou ao plenário da Câmara.

A comissão foi convocada para as 19h30  no horário local (20h30 no horário de Brasília) e alguns membros devem tentar ligar para Ginni Thomas, a ativista de direita e esposa do juiz da Suprema Corte Clarence Thomas, para testemunhar.

Suas mensagens de texto no fim de 2020 e começo de 2021, entregues ao comitê por Meadows, mostram que instou reiteradamente assessores de Trump a contornar os resultados das eleições.

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