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Guatemala

Juiz ordena captura de dois indígenas por massacre na guerra civil da Guatemala

Pablo Ceto e Miguel Itzep são acusados de terem matado, junto com outros membros do extinto Exército Guerrilheiro dos Pobres (EGP), mais de 120 pessoas na aldeia Chacalté

Bandeira da GuatemalaBandeira da Guatemala - Foto: Pexels/Domenico Bertazzo

Um juiz da Guatemala ordenou a captura de dois líderes indígenas, que supostamente integraram um comando guerrilheiro responsabilizado por um massacre em uma comunidade maia em 1982, durante a guerra civil no país (1960-1996), informou o Ministério Público nesta segunda-feira (23).

Pablo Ceto e Miguel Itzep são acusados de terem matado, junto com outros membros do extinto Exército Guerrilheiro dos Pobres (EGP), mais de 120 pessoas na aldeia Chacalté, em 13 de junho de 1982, no noroeste da Guatemala, informou a entidade em um comunicado.

"Agindo como dirigentes ou comandantes da Frente Guerrilheira 'Ho Chi Min'", do marxista EGP, "atacaram os habitantes da aldeia Chacalté com o objetivo de exterminá-los, em virtude da negativa de colaborar com suas operações (subversivas) e por considerar que a comunidade estava situada em um local estratégico para poder controlar a área", detalhou.

Ceto é reitor de uma universidade comunitária e foi candidato à Presidência em 2019 por um partido político formado por ex-combatentes, enquanto Itzep é representante de um movimento de vítimas da guerra. Ambos são acusados de assassinato e crimes contra a humanidade.

Nesta segunda, foram realizadas várias batidas na região da capital e em Quiché (noroeste), onde ocorreu o massacre.

A Comissão para o Esclarecimento Histórico, patrocinada pela ONU, comentou, em um relatório publicado em 1999, que a incursão da coluna guerrilheira em Chacalté tinha como propósito "combater" paramilitares indígenas treinados pelo exército, conhecidos como Patrulhas de Autodefesa Civil.

A guerra civil na Guatemala deixou cerca de 200.000 mortos e desaparecidos, segundo a Comissão, que concluiu que a maioria das violações dos direitos humanos durante o conflito foi cometida por forças estatais, sobretudo militares.

Em 2014, a justiça local condenou a 90 anos de prisão o ex-guerrilheiro Fermín Solano pela chacina de 22 indígenas na aldeia El Aguacate (oeste) entre 22 e 25 de novembro de 1988. Esta foi a única sentença contra um alto comando insurgente por crimes cometidos durante a guerra civil.

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