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JUSTIÇA

Juíza do Panamá ordena prisão do ex-presidente Martinelli

Sentença foi confirmada por um tribunal de apelações em outubro

O ex-presidente e candidato presidencial do Panamá Ricardo Martinelli O ex-presidente e candidato presidencial do Panamá Ricardo Martinelli  - Foto: Martin Bernetti/AFP

Uma juíza do Panamá ordenou, nesta quinta-feira (22), a prisão do ex-presidente Ricardo Martinelli, asilado na embaixada da Nicarágua há duas semanas, após perder o último recurso para evitar uma condenação a quase 11 anos de prisão por lavagem de dinheiro.

A juíza Baloísa Marquínez "ordenou a prisão preventiva de um ex-presidente da república dentro do processo pelo crime contra a ordem econômica, no chamado caso "New Business", informou o Judiciário.

Baloísa também argumentou que existe "um risco de fuga evidenciado pela conduta do condenado", que ingressou no último dia 7 na embaixada da Nicarágua no Panamá, onde solicitou asilo político, concedido imediatamente pelo governo de Daniel Ortega, que já havia feito o mesmo por outros ex-presidentes que enfrentam problemas com a justiça, entre eles os antigos líderes esquerdistas salvadorenhos Mauricio Funes (2009-2014) e Salvador Sánchez Cerén (2014-2019).

Alfredo Vallarino, um dos advogados de Martinelli, enfatizou que a ordem de detenção "é uma medida cautelar (e não definitiva) porque o processo ainda está em vigor" para vários recursos judiciais.

O ex-presidente de direita, 71, que governou o Panamá de 2009 a 2014 e desejava retornar ao poder nas eleições de maio, foi condenado em julho passado a 128 meses de prisão e a uma multa por lavagem de dinheiro. A sentença foi confirmada por um tribunal de apelações em outubro.

O ex-presidente, dono de uma rede de supermercados, entrou com vários recursos e perdeu o último, diante da Suprema Corte, no último dia 2. No dia seguinte, lançou sua campanha eleitoral, mas ingressou posteriormente na embaixada da Nicarágua.

 

Martinelli insiste em sua inocência. Ele foi julgado no caso conhecido como New Business, por ter comprado com dinheiro público, em 2010, quando era presidente, a maioria das ações da Editora Panamá América. A aquisição foi feita com dinheiro procedente do pagamento de propinas na realização de obras públicas.

O ex-presidente também enfrentará, em julho, outro julgamento, por lavagem de dinheiro advindo de propinas pagas pela Odebrecht.

Apesar de seus problemas judiciais, Martinelli ainda é muito popular no Panamá, segundo pesquisas. Se for excluído da disputa eleitoral, seu ex-ministro da Segurança José Raúl Mulino será o candidato à presidência pelo partido RM.

A Constituição panamenha estabelece que pessoas condenadas por um crime doloso a cinco anos de prisão ou mais não podem ser eleitas presidente. O Tribunal Eleitoral anunciou que irá tomar uma decisão sobre a candidatura de Martinelli assim que receber a sentença.

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