PERNAMBUCO

Julgamento de acusado da "Chacina de Poção" é adiado

Advogado de defesa alegou problemas de saúde do réu e apresentou atestado médico

Fórum Thomas de AquinoFórum Thomas de Aquino - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Marcado inicialmente para a manhã desta segunda-feira (11), o júri popular sobre o caso da “Chacina de Poção” foi adiado para o dia 21 de dezembro. A sessão aconteceria no Fórum Thomaz de Aquino, no bairro de Santo Antônio, no Centro do Recife.

O advogado de Wellington Silvestre dos Santos, acusado de ser o principal executor do crime, apresentou atestado médico, afirmando que o cliente dele está com problemas de saúde e impossibilitado de comparecer ao tribunal. A doença não foi revelada.

O crime aconteceu em 6 fevereiro de 2015, no município de Poção, Agreste pernambucano, onde três conselheiros tutelares e uma idosa foram mortos a tiros em uma estrada da cidade.

Além de Wellington, que seria julgado nesta segunda (11), Égon Augusto, de 27 anos, também é acusado de ser executor no crime.

A mandante da chacina, de acordo com a polícia, seria a oficial de justiça Bernadete Siqueira Britto de Rocha, 52 anos, que contou com o apoio de uma organização criminosa comandada pelo advogado e amigo íntimo, José Vicente Pereira Cardoso da Silva, de 59 anos, que, junto a Leandro José da Silva, de 25, fez contato com os executores.

Vítimas
Os conselheiros mortos foram Carmem Lúcia da Silva, de 38 anos, José Daniel Farias Monteiro, de 31, e Lindemberg Nóbrega de Vasconcelos, de 54. Já a idosa era Ana Rita Venâncio, de 62 anos.

Lindemberg Nóbrega foi um dos executados na chacinaLindemberg Nóbrega foi um dos executados na chacina | Foto: Cortesia

O delegado Erick Lessa, da Polícia Civil, que investiga o caso, fala sobre as investigações e motivações do crime truculento.

“As motivações foram brigas de família. A família materna e paterna [representada por Bernardete] de uma criança de três anos, cujo nome vai ser preservado”, explicou ele. Os parentes brigavam pela guarda da criança.

O juiz Abner Apolinário, titular da 4ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, disse à imprensa que Wellington está preso na Paraíba. Com isso, a sessão desta segunda seria remota. Agora, ele vai decretar que o réu esteja presencialmente perante o tribunal.

"Vou tentar fazer com que seja presencial. Ele apresentou o atestado médico, que está incluso no processo. Agendamos para o dia 21 e vamos fazer o possível para que isso aconteça efetivamente. No momento em que a gente não faz um júri, como hoje, temos tempo perdido, porque não teve a certa eficácia", explicou.

Segundo Lindemberg Filho, de 33 anos, a morosidade por conta do adiamento é uma questão de injustiça, não só aos conselheiros tutelares de Poção, mas a todo o sistema de defesa dos direitos humanos das crianças e adolescentes.

"Há nove anos que a gente espera por justiça. Hoje, mais uma vez, foi apresentado o atestado pelo advogado do réu. Mas nós estaremos aqui no dia 21 de dezembro lutando por justiça. Recebemos essa notícia [do adiamento] de forma triste, mas, como o juiz disse, aqui não é lugar para pessoas doentes. Desejamos que eles respondam por tudo que fizeram", expôs.

A promotora de justiça Themes Costa afirmou perplexidade ao saber do adiamento, que trouxe a ela surpresa e desengano.

"É um processo complexo. Fomos pegos de surpresa ao saber que foi protocolado o atestado médico. A cidade [Poção] respira o pedido de clemência por justiça e resposta, até para entender o caso, porque as informações só eram repassadas durante as investigações, pois o processo corria em segredo de justiça", apontou ela.

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