Julgamento de Trump em caso de documentos sigilosos começa em 14 de agosto
Ex-presidente americano é acusado de ameaçar a segurança nacional e violar a lei de espionagem
A juíza federal responsável pelo processo em que o ex-presidente americano Donald Trump, foi denunciado por manter irregularmente centenas de documentos sigilosos do governo americano marcou o início do julgamento para 14 de agosto.
Na semana passada, Trump se declarou inocente de todas as 37 acusações apresentadas pela promotoria — que incluem por em risco segredos de Estado e obstrução de Justiça, durante as tentativas dos investigadores de recuperar o material sigiloso que ele armazenou ilegalmente ao deixar o poder, em janeiro 2021, em locais como um banheiro e um salão de baile da mansão de Mar-a-Lago, na Flórida.
Trump é o principal candidato à vaga republicana nas eleições presidenciais do ano que vem e se tornou o primeiro ocupante da Casa Branca — antigo ou atual — a virar réu federal. Os problemas do ex-presidente com a justiça — que incluem outra denúncia no caso de suborno à atriz de filmes pornográficos Stormy Daniels — prometem ganhar destaque na disputa de 2024.
As 37 acusações imputadas ao ex-presidente se referem a sete crimes federais. São 31 acusações de violar a Lei de Espionagem com a "retenção proposital" de documentos— cada uma referente a um documento sigiloso que armazenava irregularmente. As outras seis são referentes à posse dos materiais, à conspiração para obstrução de Justiça por se recusar a entregá-los mesmo após intimação judicial e às mentiras que contou aos investigadores.
Cada uma das acusações por violar a Lei de Espionagem têm um tempo máximo de prisão de 10 anos — ou seja, um total de 310 anos. As outras acusações somadas podem render ao favorito para a candidatura presidencial republicana mais 90 anos atrás das grades. É muito raro, contudo, que o tempo máximo de detenção seja aplicado.
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'Segredos nucleares'
As 49 páginas da denúncia apresentada pelo promotor especial Jack Smith descrevem em detalhes como a investigação de mais de um ano constatou que o ex-presidente pôs em risco informações sigilosas — entre elas, um "plano de ataque" contra o Irã e segredos sobre programas nucleares — ao armazenar os materiais em lugares como um banheiro e e um salão de baile em seu resort de Mar-a-Lago, na Flórida. Além disso, é acusado de compartilhá-los com pessoas sem autorização e dar ordens para que fossem escondidos das autoridades.
As evidências, incluindo fotografias anexadas às acusações, foram apresentadas a um grande júri em Miami — pela lei federal, acusações criminais precisam passar pelo crivo dos cidadãos aleatoriamente convocados — que ouviu o depoimento de testemunhas e revisou evidências. O grupo, por fim, decidiu haver uma "causa razoável" para a acusação prosseguir.
Em abril, Trump já havia atingido outro marco histórico nada louvável ao se tornar o primeiro ex-presidente americano a virar réu, depois de ser acusado pela Justiça estadual nova-iorquina pela falsificação de registros comerciais antes das eleições presidenciais de 2016 — entre eles, o que escondia o suposto suborno de US$ 130 mil da atriz pornô Stormy Daniels para abafar um caso extraconjugal que mantiveram dez anos antes e que ele sempre negou. Na ocasião, o ex-presidente também se declarou inocente em Manhattan.