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ESTADOS UNIDOS

Julgamento por difamação contra Fox News começa nesta quinta-feira (13) nos EUA

Trata-se de um dos casos por difamação de maior alcance da história dos Estados Unidos

Julgamento por difamação contra Fox News começa nesta 5ª feira nos EUAJulgamento por difamação contra Fox News começa nesta 5ª feira nos EUA - Foto: Michael M. Santiago / Getty Images North America / AFP

A seleção do júri foi retomada nesta terça-feira (18) em um aguardado julgamento por difamação contra a Fox News, que testa o alcance do direito à liberdade de expressão para os meios de comunicação nos Estados Unidos, inclusive quando transmitem falsidades eleitorais.

A Dominion Voting Systems processou a Fox News em US$ 1,6 bilhão (cerca de 9,2 bilhões de reais, nos valores da época) em março de 2021, alegando que o canal promoveu as falsas alegações do republicano Donald Trump de que suas máquinas foram usadas para fraudar a eleição presidencial de 2020, que ele perdeu para o democrata Joe Biden.

A empresa argumenta que a Fox News transmitiu essas alegações sabendo que não eram verdadeiras.

O julgamento, cujo início foi adiado em um dia em meio a relatos de que a Fox estava buscando um acordo, poderia se tornar um dos casos de difamação mais importantes na história dos Estados Unidos.

A seleção do júri foi retomada às 9h (10h no horário de Brasília) no Tribunal Superior do estado de Delaware, em Wilmington, onde o julgamento está ocorrendo, e as alegações iniciais de ambas as partes são esperadas para ainda hoje.

Uma longa fila de jornalistas e cidadãos esperava para entrar no tribunal. Um manifestante anti-Fox segurava um cartaz que dizia "Fox é culpada" e "Faça eles pagarem".

O julgamento ameaça prejudicar a reputação e as finanças da Fox News, o canal de notícias 24 horas de Rupert Murdoch, assim como o próprio titã da mídia, que deve ser chamado para depor.

Liberdade de expressão
A Dominion disse que a rede de televisão começou a respaldar a narrativa de Trump, porque estava perdendo audiência depois de ser o primeiro meio de televisão a declarar Biden como vencedor no Arizona e a projetar que ganharia a presidência.

A Fox News nega ter cometido difamação e sustenta que apenas estava informando sobre as acusações de Trump, e não que as apoiava, resguardando-se na Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que protege a liberdade de expressão.

A proteção torna mais difícil para os demandantes ganhar processos por difamação nos Estados Unidos.

Em audiências antes do julgamento, o juiz de Delaware, Eric Davis, encarregado do caso, decidiu que não há dúvidas de que a Fox divulgou declarações falsas sobre a Dominion.

No entanto, para que a Dominion ganhe, deve provar que a Fox News agiu com malícia genuína, algo difícil de fazer e uma pedra angular da lei de imprensa dos EUA desde 1964.

A Fox News tem repórteres, mas passa a maior parte do tempo com comentaristas, incluindo vários em programas do horário nobre apresentados por líderes de opinião conservadores.

"Coisas realmente loucas e prejudiciais"
O processo da Dominion foi embaraçoso para a Fox, que, de acordo com The Wall Street Journal, também propriedade de Murdoch, estava procurando maneiras de resolver o caso sem ir a julgamento.

Um acordo significaria que Murdoch, de 92 anos, e apresentadores famosos como Tucker Carlson evitariam ter que se sentar no banco das testemunhas.

Em uma declaração dada sobre o caso, Murdoch admitiu que alguns âncoras "endossaram" no ar a falsa alegação de que a eleição de 2020 foi roubada de Trump. Ele negou, no entanto, que a rede como um todo tenha promovido essa alegação sem fundamento, de acordo com documentos judiciais apresentados pela Dominion em fevereiro.

Em outra declaração, Murdoch descreveu os comentários de Rudy Giuliani e Sidney Powell, ex-assessores de Trump, que promoveram as afirmações do ex-presidente, como "coisas realmente loucas e prejudiciais".

Os advogados da Dominion também publicaram muitas mensagens internas da Fox News, nas quais alguns comentaristas expressaram seu descontentamento com Trump, apesar de elogiarem o ex-presidente no ar.

"Eu o odeio apaixonadamente", disse Carlson sobre o republicano, depois de sua derrota eleitoral.

A Fox News acusou a Dominion de "selecionar e tirar as declarações de contexto".

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