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JUNHO LARANJA

Junho Laranja: Profissionais de saúde alertam para queimaduras durante festas de São João

A Folha de Pernambuco entrevistou o Dr. Marcos Barretto para promover o debate para prevenção de casos do tipo durante o São João 2023

Dr. Marcos Barretto, chefe do Centro de Tratamento de Queimados do Hospital da RestauraçãoDr. Marcos Barretto, chefe do Centro de Tratamento de Queimados do Hospital da Restauração - Foto: Melissa Fernandes/Folha de Pernambuco

O mês de junho, por conta das comemorações do Dia de Santo Antônio (12), São João (24) e São Pedro (29), é o período em que, costumeiramente, as famílias acendem fogueiras e utilizam fogos de artifício. Na mesma medida, cresce a preocupação dos profissionais de saúde com possíveis acidentes por queimaduras durante os festejos.

Pensando nisso, a campanha Junho Laranja, iniciativa da Sociedade Brasileira de Queimaduras, está em vigor para combater e promover medidas de prevenção de acidentes deste tipo. "Não se choque, eletricidade queima" é o slogan da campanha deste ano.

Em entrevista à Folha de Pernambuco, o médico Marcos Barretto, chefe do Centro de Tratamento de Queimados do Hospital da Restauração, explicou a criação do movimento para a prevenção de mais casos de queimaduras durante as festividades juninas.

“A quantidade de acidentes envolvendo queimaduras é muito grande no país, e a quantidade de profissionais para tratar esse tipo de paciente é muito curta. Então se escolheu o mês de junho, por conta das festividades juninas, onde se brinca com dois agentes etiológicos da queimadura, os fogos e as fogueiras, para a realização da campanha, porque acabamos tendo que atender uma grande quantidade de pacientes em um tempo muito curto, de apenas três dias”, explicou.

Dentre as principais causas para os casos de queimaduras, estão, no topo da lista, uso do álcool e a eletrocução, que causam os acidentes mais graves. Para contrapor isso, Marcos Baretto destacou algumas medidas que podem ser tomadas para evitar acidentes:

"É necessário que sejam implementadas medidas de conscientização em escolas e que o trabalho das Secretarias de Saúde municipais e estaduais atuem em conjunto para a fiscalização de fiações e até mesmo da distribuição do gás de cozinha nas casas da população. Em um primeiro momento, essas medidas podem parecer até simples, mas são de extrema importância, porque muitos acidentes por queimadura acontecem dentro de casa, e a população precisa estar em estado de alerta para essas medidas, até as mais simples, por prevenção e manutenção da saúde".

Em caso de acidente por queimadura, o médico recomendou algumas medidas que devem ser tomadas para tratamento pessoal e, posteriormente, o direcionamento para uma unidade hospitalar.

"Se sofrer alguma queimadura, aplique água no local do ferimento, de preferência, por alguns minutos, porque a primeira coisa que alguém vai notar no momento em que se queimar será a dor. Após isso, enfaixe a região queimada com um pano limpo e úmido e procure a UPA ou posto de saúde mais próximo de você. Lá, será julgado se você deve ou não ser transferido para um hospital terciário", revelou.

O médico destacou ainda que durante a pandemia de Covid-19, os índices de queimaduras em decorrência de acidnetes envolvendo fogueiras dimunuíram, mas que os casos com utilização do álcool elevaram de maneira alarmante

"O álcool se tornou algo muito mais comum durante a pandemia, presente em todas as casas, muitas vezes de maneira irresponsável. Então foram registrados muitos e muitos acidentes por conta do consumo exacerbado ou do mau-uso, até em situações de desatenção, como pessoas que acendiam cigarros imediatamente após tocar no álcool, que é altamente inflamável", afirmou.

De acordo com o médico, o Hospital da Restauração recebe em torno de 2.500 a 2.800 pacientes com queimaduras por ano, com cerca de 1.400 crianças neste recorte.

Por conta disso, o profissional fez um apelo para que a campanha se estenda para o ano inteiro, porque, dessa maneira, seria possível promover uma mudança mais efetiva, considerando que queimaduras por acidentes com fogueiras e fogos representam um baixo percentual dos registros no Brasil.

"As queimaduras por contas de fogueiras e fogos em festividades juninas representam apenas 2% dos casos catalogados a nível nacional. Então é necessário que o movimento se espalhe e alcance mais pessoas para além do mês de junho. É preciso que entre em vigor durante todo o ano para que possamos diminuir esse fluxo tão alto", apelou.

A campanha se estende durante todo o mês de junho buscando a prevenção e diminuição deste tipo de acidente. Em caso de envolvimento em acidentes por queimaduras, é necessário seguir as instruções reforçadas pelo médico Marcos Barretto e procurar auxílio de uma unidade hospitalar.

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